As novas gerações de transponders programáveis que começam a chegar ao mercado – a expectativa é que os lançamentos sejam intensificados em 2024 – estão trazendo uma mudança de paradigma para as redes ópticas baseadas em tecnologia DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing). O principal objetivo dessa evolução tecnológica é atender ao desafio enfrentado por operadoras de telecom e provedores de serviços de internet (ISPs) que precisam disponibilizar para os seus clientes velocidade e capacidade de transmissão cada vez maiores, porém sem aumentar o custo do serviço na mesma proporção. E isso significa reduzir o custo por bit transmitido.
Transponders programáveis são equipamentos que permitem configurar, no mesmo hardware, diferentes taxas e modelos de operação, adaptando a diferentes tipos de redes. Até recentemente, para aumentar a capacidade de transmissão na fibra em redes DWDM, a solução era adicionar mais canais nos equipamentos. Porém, como os canais eram estreitos (até 100 Gb/s), para chegar na capacidade desejada, isso implicava colocar mais transmissores na rede – o que demandava um investimento em hardware.
Com a evolução da tecnologia de transmissão coerente, surgiu o conceito de canais mais largos, com capacidade para transmitir mais informações com menos equipamentos. Nas próximas gerações de transponders coerentes, a capacidade de transmissão já atingirá 1,2 Tb/s por canal óptico. Isso significa que bastará um transmissor para alcançar a mesma capacidade que, com canais de 100 Gb/s, requer a instalação de 12 transmissores. Essa economia em hardware, proporcionada pelo uso de canais mais largos, trará redução do custo por bit transmitido.
É claro que a mudança de tecnologia exige adaptações nas redes que não estão preparadas para receber canais mais largos. Como os equipamentos (MUX/Demux) existentes nas redes foram feitos para canais mais estreitos, a atualização geralmente demanda a adição de alguns elementos. Um amplificador DWDM, por exemplo, permite melhorar a qualidade da rede e, com isso, transmitir taxas mais altas. Outra alternativa é utilizar um multiplexador óptico de adição/remoção reconfigurável (ROADM, na sigla em inglês), que possui um mecanismo automático para adicionar capacidade às redes de maneira flexível – um recurso importante para adequar a rede para os canais mais largos.
São investimentos necessários mas que compensam, uma vez que permitem incorporar às redes já existentes as novas gerações de equipamentos de tecnologia coerente, que utilizam menos transmissores e canais mais largos. Essa nova tecnologia trará a redução de custo por bit necessária para as operadoras e ISPs atenderem às crescentes demandas do mercado por mais banda e novos serviços.
E não é só no cenário de transmissão em distâncias mais longas que as novas gerações de tecnologias coerentes estão evoluindo. Também existe um esforço de miniaturização e padronização dos transmissores para as redes de médias e curtas distâncias. Nesse caso, cabe destacar um novo padrão que começa a ser adotado nas novas gerações de equipamentos de tecnologia coerente que estão sendo lançados no mercado.
Batizado de OpenZR+, o novo padrão é resultado de acordo entre um grupo de fabricantes de plugáveis e, por ser aberto, tem a interoperabilidade como uma de suas principais vantagens. Trata-se de uma padronização dos modos de transmissão, projetada para expandir o espaço de aplicação para uma solução coerente em um módulo plugável de tamanho pequeno. Esse módulo pode ser usado no transponder ou em switches de alta capacidade, baseados em tecnologia coerente, que estão chegando ao mercado. Além da interoperabilidade, os módulos padrão OpenZR+ oferecem a vantagem do menor consumo de energia – um fator importante no ambiente de data centers. Com essa evolução tecnológica, as redes DWDM estarão preparadas para enfrentar os desafios e demandas do mercado nos próximos anos.
* Uriel Miranda é especialista da área de Marketing de Produtos da Padtec. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente refletem o ponto de vista de TELETIME.