O Comitê Gestor de Internet (CGI) deverá discutir nos próximos dias se o fim da neutralidade da rede nos Estados Unidos ? acesso sem discriminação de qualidade de serviço ? afeta o mercado brasileiro. Depois que a comissão do Senado norte-americano derrubou emenda que restabelecia a neutralidade no país, ainda existe a possibilidade de o tema voltar à discussão no Telecom Act, a lei de telecomunicações que está em revisão. Para o consultor jurídico do Ministério das Comunicações e membro do CGI, Marcelo Bechara, certamente haverá impacto no Brasil, mas disse que é difícil dimensionar as conseqüências, porque a questão não foi aprovada de forma plena nos EUA.
?Sem a neutralidade, a internet ficará muito parecida com a TV a cabo?, compara Bechara, ao dizer que as empresas poderão vender acesso expresso para grandes empresas e oferecer tratamento diferenciado.
Não é o que pensa o vice-presidente da Brasil Telecom, Francisco Perrone: ?Não tem reflexo aqui, talvez só indireto, porque 90% das ligações acabam comutando nos roteadores norte-americanos.? Para ele, existe grande confusão com a VoIP e IPTV em relação à internet ou serviço de telecomunicação.
?VoIP é tecnologia, não tem como bloquear. A discussão é se está transmitindo voz em cima da internet?, diz Perrone. Neste caso, ouvir música ou discurso também é VoIP. O problema é quando a empresa presta serviço de telefonia usando a internet. A BrT e a Embratel usam IP, mas em cima de suas próprias redes, e não da internet mundial, diz Perrone.
O gerente de inovação e desenvolvimento da Net Serviços, Rodrigo Duclós, acrescenta que ninguém pode deter a propriedade da internet. Mas opina também que a possibilidade de melhorar a experiência de alguns aplicativos na rede é um caminho natural: ?E quem tiver essa capacidade poderá cobrar por isso para garantir a banda.? Para o Net Fone, por exemplo, serviço de telefonia IP fornecido em conjunto com a Embratel, a Net garante a banda, priorizando esse tráfego na sua rede em detrimento de outras aplicações.
Matéria sobre o tema estará disponível na edição deste mês da revista TELETIME, que circula esta semana.