Os radiodifusores estão acuados em relação ao avanço das tecnologias convergentes, e isso ficou evidente durante o primeiro dia de debates do congresso da Abert, que acontece em Brasília. Logo no início da primeira sessão, um vídeo institucional da associação mostrava os riscos do "triple play" ao negócio das rádios e televisões, afirmava haver grandes riscos à credibilidade das informações das mídias convergentes, pedia para que empresas de telecomunicações ficassem restritas à oferta de infra-estrutura e exigia ajustes no ambiente competitivo. Institucionalmente, a Abert não fala em rever a legislação de comunicação do Brasil. Pede, sim, restrições para empresas de telecomunicações.
Recado
Quem deu o recado no evento foi Evandro Guimarães, vice-presidente de relações institucionais das Organizações Globo. Em tom emocionado, Guimarães iniciou sua fala com uma pergunta. Em relação ao avanço da tecnologia, "há algo a ser feito ou devemos ver isso como a lei da gravidade?" Guimarães foi absolutamente claro na mensagem. Para ele (e também para o presidente da Abert, José Inácio Pizani, em artigo desta quarta, 18, na Gazeta Mercantil), a radiodifusão é valorizadora dos princípios estabelecidos na Constituição, valorizadora da federação brasileira, contempladora das especificidades locais e regionais do Brasil, característica que, segundo Guimarães, é única entre todas as tecnologias de comunicação. Chegou a dizer que a convergência tecnológica é algo inventado por engenheiros que não deve suplantar o que está na Constituição.
Globo
Já faz tempo que a Globo vem manifestando essa preocupação específica em relação ao avanço das empresas de telecomunicações sobre a praia da comunicação social. A primeira oficialização desse temor se deu no documento "Conteúdo Brasil", entregue em meados do ano passado ao presidente Lula. A Globo é apoiadora do documento. Em entrevista à revista Tela Viva, de janeiro, o presidente das Organizações Globo também falou diretamente sobre o assunto.