Em setembro, a Oi voltou a reduzir a geração de caixa negativa apresentada pelas companhias do grupo em recuperação judicial. A informação está no relatório demonstrativo mensal realizado pelo administrador judicial, o Escritório Arnoldo Wald, e divulgado nesta terça-feira, 17. Mantendo o mesmo ritmo, a operadora pode voltar a apresentar geração positiva já em outubro.
Com a diferença entre recebimentos e pagamentos, somado com os investimentos, a geração caixa operacional líquida da Oi ainda foi negativa em setembro, em R$ 101 milhões. Apesar do resultado negativo, trata-se de uma recuperação frente ao resultado de agosto, de R$ 197 milhões negativos.
Houve uma saída de caixa de R$ 201 milhões nas operações intragrupo (intercompany), referente à operação de adiantamento para futuro aumento de capital realizada com "outra empresa do grupo fora da Recuperação Judicial". Também ocorreu aumento na saída de caixa de operações financeiras (total de R$ 2 milhões, frente a entrada de caixa de R$ 56 milhões em agosto) devido à variação cambial com valores mantidos no exterior.
Os investimentos totalizaram R$ 592 milhões, um avanço de 12,2% comparado ao mês de agosto. A Oi Móvel ainda foi responsável por R$ 332 milhões em setembro (56% do total), um avanço de R$ 34 milhões.
Dessa forma, o saldo final do caixa caiu 5,3%, ou R$ 284 milhões. O total foi de R$ 5,108 bilhões no mês.
Recebimentos e pagamentos
Houve redução nos recebimentos comparado a agosto, de R$ 39 milhões (ou 1,8%), somando assim R$ 2,120 bilhões em setembro. Houve avanço de R$ 32 milhões na receita de clientes, totalizando R$ 1,425 bilhão, justificado por um "aumento da arrecadação das faturas de mobilidade", segundo a operadora. O que motivou a redução nos recebimentos foi a queda de recebimentos intercompany de interconexão entre as empresas do grupo.
De acordo com a operadora, o efeito se anula com os pagamentos, que no total foram reduzidos em 10,9%, ou R$ 200 milhões. Assim, encerrou setembro com o patamar de R$ 1,628 bilhão, embora a queda tenha sido motivada também pela compensação do crédito de PIS/Cofins sobre impostos da folha de pagamento.
Vale notar que na segmentação da composição do total gasto em pagamentos, os tributos corresponderam a R$ 337 milhões, ou 20% do total. A maior parte, R$ 1,211 bilhão (71%), foi para fornecedores.
3º Trimestre
No trimestre, o grupo das recuperandas da Oi registrou um aumento de R$ 363 milhões no caixa contábil, totalizando R$ 5,239 bilhões. O aumento se deu principalmente por conta do recebimento de recursos oriundos da venda da participação da PT Participações, pela qual a operadora detinha participação na Unitel, de Angola.
Os tributos a recuperar aumentaram em R$ 183 milhões, chegando a R$ 2,153 bilhões. A administração disse que a transferência de longo prazo para o curto prazo, impactado pela compensação de crédito do ICMS no período, justificou o avanço.
Os investimentos tiveram queda de R$ 377 milhões (17%), total de R$ 1,846 bilhão, por conta de variação de empresas do grupo que não estão em recuperação.
Ainda considerando o período de julho a setembro, o prejuízo foi de R$ 2,638 bilhões, uma redução de R$ 771 milhões em relação ao trimestre imediatamente anterior. Segundo a Oi, o prejuízo foi influenciado pela redução das receitas por conta de "variação cambial sobre valor justo de empréstimos no exterior, impactado pelos juros de depósitos judiciais e pela variação cambial sobre caixa realizado no exterior".
Por outro lado, as despesas financeiras caíram R$ 792 milhões no período, totalizando R$ 3,068 bilhões. A administração da Oi diz que a previsão de perda do ajuste a valor justo (AVJ) da dívida da Anatel na Lei 13.988/20, além do acúmulo de juros e redução do total com menor variação cambial no trimestre, também influenciaram.
O balanço completo do trimestre, incluindo todas as empresas do grupo, foi divulgado na semana passada.