O conselho de administração da Telecom Italia, que se reuniu nesta quinta, 16, em Milão, decidiu criar uma comissão independente de diretores para avaliar qualquer possível oferta que os italianos venham a receber por sua participação na TIM Brasil. A comissão seguirá os procedimentos de "operações com partes relacionadas" e seus membros deverão ser aprovados na reunião do conselho agendada para 6 de fevereiro.
Na prática, qualquer oferta que venha a ser feita pela TIM Brasil precisará, necessariamente, da aprovação desse comitê de diretores independentes, que deverá deixar de fora a Telefónica, caso ela venha a ser considerada parte relacionada. Esse comitê poderá tornar mais simples o veto a uma possível venda da operação brasileira. Vale lembrar que a Telefónica possui 44,6% das ações de controle da italiana Telco, que por sua vez é a maior acionista da Telecom Italia, com 22,4% das ações com direito a voto.
Os diretores da Telecom Italia também realizaram durante a reunião uma "análise aprofundada" do negócio brasileiro, com o suporte de dados apresentados pelo presidente da TIM Brasil, Rodrigo Abreu.
Em nota, a holding italiana voltou a afirmar que não há, até o momento, nenhuma oferta ou negociação pela TIM Brasil na mesa: "A empresa confirma a ausência de projetos em andamento, negociações ou ofertas" pela subsidiária brasileira.
Bonds
A capacidade da Telecom Italia de conseguir se financiar e reduzir seu pesado endividamento de 28,2 bilhões de euros (montante registrado ao final do terceiro trimestre de 2013) vem sendo questionada já há algum tempo e a holding vê na emissão de títulos de dívida (bonds) uma forma de refinanciar e alongar o prazo de pagamento dessa dívida.
Em setembro, a Telecom Italia realizou emissão de títulos de dívida (bonds) de um bilhão de euros para investidores com vencimento em 2020 com um yield de 5,054%, mais baixo do que o guidance inicial e do que os juros médios do débito de 5,4% calculados no final de junho.
Nesta quinta, a empresa anunciou uma nova emissão de bonds para investidores institucionais, também no valor de 1 bilhão de euros com yeild de 4,594% – mais uma vez abaixo dos juros médios do débito em setembro, de 5,4%. Isso demonstra uma boa receptividade do mercado nesta primeira emissão desde que as notas de crédito da Telecom Italia foram rebaixadas para o patamar especulativo (ou "junk") pelas agências de rating Moody's e Standard & Poor's. Os títulos serão emitidos dia 23 de janeiro com vencimento para 25 de janeiro de 2021.