Tecnologia é vetor do futuro da gestão ambiental no país

Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis Brasil Digital

Informações do Relatório Anual de Desmatamento 2022 mostraram que a área desmatada no Brasil aumentou 22,3% em comparação a 2021, totalizando 2,05 milhões de hectares afetados. A Amazônia e o Cerrado foram os biomas mais impactados, representando 90,1% das áreas desmatadas.

Os dados comprovam que o desafio sustentável se tornou a principal questão que precisamos endereçar nos próximos anos. No panorama financeiro, o Deutsche Bank estima que 95% de todas as decisões de investimento irão incorporar estratégias ESG até 2035. A adaptação não é opcional e exige ferramentas sofisticadas que facilitem o envolvimento de empresas e pessoas.

Se o conceito iniciou como uma espécie de ativismo socioambiental, para Larry Flink, CEO da Blackrock, a agenda ESG corresponde ao surgimento de uma nova era econômica: o capitalismo de stakeholders, "impulsionado por relacionamentos mutuamente benéficos entre CEOs, funcionários, clientes, fornecedores e comunidades das quais a empresa depende para prosperar".

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No balanceamento dessa equação, a gestão ambiental no Brasil enfrenta diversos desafios, como o desmatamento, a poluição e a perda de biodiversidade. Nesse contexto, a conectividade surge como principal caminho pois é a habilitadora de diversas soluções e impacto: a Inteligência Artificial (IA), o sensoriamento remoto, a Internet das Coisas (IoT) e o blockchain, que surgem como vetores fundamentais para melhorar a eficiência e a eficácia das ações voltadas à preservação do meio ambiente.

Inovação do momento, a IA pode ser aplicada na análise de grandes volumes de dados, permitindo identificar padrões e tendências relacionados ao meio ambiente. Por exemplo, algoritmos de aprendizado de máquina podem ser utilizados para monitorar e prever o desmatamento, auxiliando na tomada de decisões para ações de conservação e fiscalização.

O sensoriamento remoto, por meio de satélites e drones, permite o monitoramento em tempo real de áreas extensas e de difícil acesso. Essa tecnologia é fundamental para acompanhar mudanças no uso da terra, identificar áreas degradadas e avaliar a efetividade de políticas públicas voltadas à preservação ambiental. Em todos os casos, a transmissão de dados funciona como eixo central.

A IoT, por sua vez, possibilita a coleta e o compartilhamento de informações em tempo real por meio de dispositivos conectados. Sensores instalados em áreas naturais podem monitorar variáveis como temperatura, umidade e qualidade do ar, fornecendo dados valiosos para a gestão ambiental e a prevenção de desastres naturais.

A tecnologia blockchain – conhecida por apresentar o bitcoin ao mundo – também pode ser utilizada para garantir a rastreabilidade e a transparência de cadeias produtivas, promovendo a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental. Além disso, a solução pode facilitar a implementação de mecanismos de compensação ambiental e a distribuição de recursos financeiros para projetos de conservação.

Como exemplo de aplicação desses conceitos, no Brasil, o projeto MapBiomas utiliza sensoriamento remoto para mapear e monitorar a cobertura e o uso da terra em todo o território nacional. Os dados gerados pelo projeto são fundamentais para orientar políticas públicas e ações de conservação. Em outro espectro, a startup brasileira Horus utiliza drones equipados com câmeras multiespectrais para monitorar plantações e identificar pragas e doenças. Essa tecnologia permite a aplicação de defensivos agrícolas de forma mais precisa e sustentável.

Como pode ser visto, o progresso de tecnologias emergentes está intimamente relacionado ao desenvolvimento da conectividade. A implantação do 5G é um fator crucial nesse contexto, oferecendo velocidades mais rápidas e menor latência, o que possibilita uma comunicação aprimorada entre dispositivos e sistemas.

Devemos continuar investindo em pesquisa e na implementação dessas soluções inovadoras, bem como na expansão da conectividade, especialmente em áreas remotas, para garantir que essas tecnologias se tornem cada vez mais eficazes na preservação ambiental. Isso envolve a criação de políticas públicas favoráveis, incentivos fiscais e colaboração estreita entre os setores público e privado.

Os esforços conjuntos nessa direção podem ser determinantes para limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C (grau Celsius). No "capitalismo de stakeholders", a tecnologia atua como um catalisador para a gestão ambiental responsável. Uma revolução sinérgica que busca equilibrar investimentos e retornos com transparência, priorizando a saúde do nosso planeta.

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