A Oi pretende apresentar a versão final de seu plano de recuperação judicial apenas no quarto trimestre de 2023, após negociações dos termos com credores levarem mais tempo do que o inicialmente esperado pela companhia, afirmou o CEO da operadora, Rodrigo Abreu, nesta sexta-feira, 11.
Em conferência sobre o resultado da empresa no segundo trimestre, Abreu recordou que a Oi esperava ter concluído negociações do Acordo de Apoio à Reestruturação (RSA) no mês de julho. Entre as razões para o adiamento estão discussões sobre garantias para a entrada de dinheiro novo, a ser injetado pelos credores.
Ainda segundo Abreu, a expectativa da empresa é poder contar com os recursos entre o primeiro e o segundo trimestre de 2024, em caso de aprovação do plano previsto para o fim deste ano. Em linhas gerais, a empresa está negociando condições para desconto da dívida existente, financiamento emergencial de pelo menos R$ 4 bilhões e possível aumento de capital e venda de ativos.
O CEO ainda afirma que o perfil de caixa atual deva ser suficiente para levar a companhia até a entrada do dinheiro novo prevista para o ano que vem. A posição de caixa da Oi era de R$ 2,550 bilhões ao fim de junho, crescimento de 41% frente ao primeiro trimestre.
Efeito positivo de medidas de redução de custos no indicador foram notados no período, bem como a própria proteção da recuperação judicial – para a qual a empresa trabalha com horizonte de dois anos, segundo Abreu, ainda que sem se comprometer com prazos para conclusão do processo de RJ.
Concessão
Outro tema crítico para a Oi é a concessão de telefonia fixa. Neste caso, Abreu sinalizou otimismo com a possibilidade de uma solução consensual com a Anatel intermediado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), após início formal do processo das conversas. A expectativa da Oi é ter novidades sobre as negociações até o final do ano. Passo para o acordo, a suspensão temporária da arbitragem em curso entre Oi e Anatel foi confirmada na própria sexta-feira, mais tarde.
Na conferência, o comando da empresa também minimizou a possibilidade de intervenção da Anatel na concessão da companhia. Segundo o CEO, o acompanhamento feito pela agência ocorre por dever de ofício do que por sinalizações, e não necessariamente por iminência de uma intervenção.
Comercial
No âmbito comercial, a operadora reconheceu cenário mais complicado para adição de clientes de banda larga, ainda que siga crescendo no segmento de fibra óptica. Segundo Abreu, o cenário macroeconômico demorou um pouco mais para reagir do que o esperado, o que, além do crescimento exponencial de outros anos, afetou as adições. O CEO espera uma reação do segmento de banda larga no segundo semestre, na medida em que a empresa já conta com nova abordagem comercial para a área. A consolidação de players do segmento também é encarada por Abreu como bom sinal para um mercado mais racional.