Teles até aqui geridas por Dantas passarão por mudanças

"A porta do inferno foi apenas aberta", diz uma fonte que acompanhará de perto as próximas etapas da briga do Opportunity contra o Citibank e os fundos de pensão agora que o grupo de Daniel Dantas perdeu a gestão do fundo CVC/Opportunity Equity Partners L.P. (CVC Internacional). Não há quem acredite que o Opportunity sairá em paz. Uma "guerra de liminares" é esperada, como sempre são as brigas com Dantas.
Por enquanto, Citibank e fundos de pensão ainda não definiram os nomes dos executivos que vão gerir as companhias onde CVC Internacional e Investidores Institucionais (onde está o dinheiro dos fundos) investem, como é o caso da Brasil Telecom, Telemig Celular, Amazônia Celular e tantas outras. Mas sabe-se que esses nomes serão escolhidos em conjunto.
O Citibank já tem farto material para justificar a destituição de Dantas, acervo este colhido pela auditoria realizada junto aos ativos do CVC Internacional. A Trevisan participou desse processo. Assim que assumirem a gestão das empresas, contudo, Citi e fundos devem prosseguir com o trabalho de auditoria, inclusive nos contratos de fornecedores das teles.

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As jogadas mais recentes de Daniel Dantas, como a convocação para um leilão aberto da Telemig e da Amazônia Celular, serão desfeitas assim que possível. Aumentos de capital realizados de forma suspeita, como ocorrido no metrô do Rio, também serão revistos em sua legalidade.
No caso da venda da BrT, Citibank e fundos de pensão entendem que podem haver outros interessados além da Telecom Italia, com quem já negociam. Mas acreditam que as outras alternativas teriam iguais ou maiores dificuldades de ser aprovadas pela Anatel ou pelas autoridades concorrenciais. Fala-se em um eventual interesse da Portugal Telecom, que buscaria uma operação fixa. Fala-se na Telemar, que sempre teve o sonho de consolidar as duas operações fixas. E fala-se em Telmex. Mas o candidato natural, mais forte e que deve prevalecer é mesmo a Telecom Italia.

Rebarbas

Fundos e Citibank sabem que há uma série de complicações societárias dentro das empresas, rebarbas que foram deixadas após anos de administração. O primeiro exemplo é a Highlake, empresa controlada pelo Opportunity Fund, que tem 49% da Telpart (holding controladora da Telemig e da Amazônia Celular) e cuja participação foi colocada à venda pelo Opportunity na chamada a leilão das teles celulares. O entendimento dentro dos fundos e do Citi é que essa participação na Highlake não vale o mesmo que a participação dos controladores. No entanto, segundo o jornal Folha de S. Paulo, a Highlake foi financiada com recursos do Citibank, e isso também foi motivo de atrito entre Dantas e o banco norte-americano.
Na Brasil Telecom o problema é a Timepart, uma empresa sem função, mas que tem, na prática, o controle da Solpart (holding controladora da tele fixa), com 62% de suas ações ordinárias. A Timepart pode desaparecer do dia para a noite se for exercida uma troca de ações preferenciais por ordinárias na Solpart, e é isso o que deve acontecer assim que o Opportunity deixar de mandar na empresa.
Além dessas duas grandes rebarbas, o Opportunity tem ainda mais uma série de pequenas participações em vários níveis das cadeias societárias, como algumas em nome do Opportunity Fundo, de um fundo chamado TELE FIA e outras.
Em relação à volta da Telecom Italia, entende-se que, uma vez iniciado o processo de arbitragem em Londres, ele terá que ir adiante. Mas a destituição do Opportunity é o maior argumento que a Telecom Italia poderia ter para justificar a tese de sua volta, e tudo indica que os italianos terão a colaboração do Citi e dos fundos de pensão.

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