O setor brasileiro de telecomunicações precisa se livrar de uma série de "amarras" para enfrentar os próximos 25 anos e superar as próximas transformações do ecossistema digital. Essa foi a avaliação realizada pelos comandos da Claro e da Anatel nesta quarta-feira, 9, em Brasília.
O debate fez parte de comemoração do 25º aniversário de TELETIME – que praticamente coincide com os 25 anos da privatização do sistema de telecom do País. Na ocasião, o CEO da Claro, José Félix, desenhou um cenário de "tremendos desafios" para a cadeia no próximo quarto de século.
O entendimento deriva de estagnação apontada pelo executivo na receita das operadoras do País desde 2015, interrompendo período "muito próspero" iniciado na privatização. Ainda que em 2023 as principais prestadoras de telecom devam somar R$ 150 bilhões em receitas, segundo estimativas de Félix, o fato dos valores terem se mantido "flat" por praticamente sete anos representaria sinal de alerta.
Segundo o CEO da Claro, diferentes causas explicam o movimento: a inflação e limitações de renda do brasileiro, a necessidade do setor realizar muitos investimentos a cada troca de tecnologia móvel, a própria demanda do consumidor por melhores serviços e a transferência de valor para as big techs, ajudando serviços como telefonia fixa e TV por assinatura a minguarem.
A saída, ainda segundo Félix, seria a retirada das "amarras" que hoje estariam limitando a cadeia. Os pontos – conhecidos do leitor de TELETIME – passam pela revisão da lei do SeAC (que rege a TV por assinatura e que estaria "protegendo gente que não precisa de proteção", segundo o CEO); da limitação da Anatel para franquias na banda larga fixa; e também da neutralidade de rede – permitindo assim que as teles negociem um recebimento de remuneração junto às big techs.
Sem neutralidade
"Queremos fazer negócios [com as grandes plataformas] como qualquer setor pode fazer. Hoje, a neutralidade de rede proíbe", argumentou Félix. Para implementação do que as teles chamam de fair share (ou contribuição justa), o executivo chegou a sugerir uma categorização que separasse as big techs dos pequenos players do ecossistema digital, limitando efeitos de um eventual fim da neutralidade.
Presidente da Anatel e também crítico da regra, Carlos Baigorri convergiu com a Claro na necessidade de revisão do dispositivo. "Em algum momento se colocou amarras demais no setor. Ele não pode repassar custos para nenhum dos lados: nem para o consumidor por conta da inflação, nem para aplicações pela neutralidade de rede. É como se estivesse condenado a ser um dumb pipe [uma infraestrutura sem valor agregado]". Para ele, é preciso que Internet e telecom deixem de ser antagonistas e passem a operar como um único ecossistema.
Ainda para Baigorri, a neutralidade (instituída no Brasil pelo Marco Civil da Internet) seria um "copia e cola" dos Estados Unidos que acabou por beneficiar as grandes plataformas daquele país, outrora vistas como "defensoras da democracia e da liberdade de expressão", mas que hoje exerceriam influência gigantesca na sociedade. Segundo o presidente da Anatel, se há dez anos havia receio que as teles atuassem como gatekeepers (guardiões) da Internet, hoje está claro que as plataformas digitais é que exercem tal papel.
Já sobre a vedação nas franquias para banda larga fixa, Baigorri preferiu não entrar em polêmicas. Ao citar a cautelar de 2016 que limitou o modelo na Internet residencial, o presidente da Anatel lembrou que franquias não são proibidas, mas que só poderiam ser implementadas pelas empresas mediante uma série de condições de transparência, hoje ausentes das ofertas. Veja aqui uma análise de TELETIME sobre o tema.
Oportunidades nas redes
Além dos desafios, oportunidades para a cadeia de telecom nos próximos 25 anos também foram listadas. Entre elas, a tecnologia 5G e suas novas possibilidades de aplicações e geração de tráfego, segundo Félix. "Não podemos deixar esse bonde passar. O 5G ainda vai render muitos frutos, até agora [só] rendeu muito investimento", colocou o CEO da Claro. Para Félix, o futuro apresenta possibilidades interessantes quando se olha a possibilidade de exploração das redes inteligentes e das APIs de rede como forma de enriquecer a conectividade.
Para Sun Baocheng, CEO da Huawei do Brasil, depois do ciclo de investimentos na implementação do 5G, os novos serviços começarão a surgir, apostando em novas plataformas de chamas enriquecidas por inteligência artificial, vídeo com qualidade 3D em tempo real e operação de serviços em nuvem.
Ecossistema para os 26 GHz
Neste sentido, a oportunidade foi relacionada com espectro. Ao recordar investimentos de mais de R$ 3 bilhões da indústria nas ondas milimétricas de 26 GHz durante o leilão de 2021, Félix lamentou que o recurso ainda esteja sem uso e pediu ajuda de fornecedores de equipamentos para alterar o cenário. Em paralelo, o executivo reforçou pleito da indústria móvel por capacidade do 6 GHz, no Brasil destinado pela Anatel para uso não licenciado (como o WiFi).
Já Carlos Baigorri abordou uma mudança nos objetivos das políticas públicas para os próximos anos, na medida em que o desafio de conectar rincões do País deve ser sanado com compromissos fixados pela Anatel para o decorrer desta década. Desta maneira, as próximas prioridades seriam garantir a chamada conectividade significativa e atacar limitadores de renda e letramento digital para garantir o acesso da população à conectividade.
Engraçado a Claro reclamando,ao invés disso,porque não melhoram o sinal fora do centro da cidade ,como acontece por aqui ,sair a uma distância de 2km pode esquecer que tem smartphone,porque sinal não existe, tá loco,tem a cara de pau de reclamar,se tivesse investido no lugar certo ,não tivesse deixado rabo pra traz poderia ,prestar um serviço de melhor qualidade.
Telecom ganhado fortunas grande centros coberto subúrbio, zona rurais sem sinal, estadras sem sinal.