O Opportunity parte para o ataque ao Citibank nos documentos de defesa que entregou este final de semana para a Justiça de Nova York. O grupo de Daniel Dantas, basicamente, acusa o Citibank de buscar junto à Justiça norte-americana liminar impedindo o acordo celebrado com a Telecom Italia para então ter um instrumento de pressão sobre os italianos e forçar uma negociação em melhores condições sobre a venda dos ativos do CVC LP. O Opportunity diz que o Citibank reagiu ao fato de ter ele, o Opportunity, celebrado acordo com a Telecom Italia antes.
Segundo as declarações entregues pelo grupo de Dantas ao juiz em Nova York (o executivo do Opportunity Arthur Carvalho é o principal declarante), a troca de gestor no fundo CVC Opportunity Equity Partners LP não mudaria a cadeia de controle da Brasil Telecom. O Opportunity diz que a participação dos fundos de pensão brasileiros no Opportunity Zain está vinculada ao voto do próprio grupo Opportunity. Apenas uma nota de rodapé lembra que o acordo guarda-chuva está sendo contestado na Justiça.
Ainda segundo o Opportunity, o acordo celebrado com a Telecom Italia foi para venda dos ativos do próprio grupo Opportunity, o que em nada traz impactos para o fundo CVC. No que se refere à fusão entre as operações móveis da TIM e da Brasil Telecom GSM, o Opportunity diz que essa foi uma transação feita pelos administradores da BrT, que não devem obediência ao Citibank, mas sim a todos os acionistas da Brasil Telecom, e que o acordo é bom para a operadora, justificando com a valorização das ações preferenciais da empresa. Cita, também como prova, um estudo da consultoria Spectrum pelo qual a operação GSM da Brasil Telecom valeria US$ 1 bilhão e que o negócio de longa distância da BrT valeria US$ 300 milhões, concluindo que a operação com a Telecom Italia valeria US$ 450 milhões. A documentação entregue não permite compreender de que forma esse estudo da Spectrum se relaciona com o acordo pelo qual a Telecom Italia se compromete a pagar ? 341 milhões ao Opportunity pela compra de suas participações.
Pendências
Em relação aos acordos judiciais celebrados com a Telecom Italia, o Opportunity diz que há pendências entre a BrT e da TI que foram resolvidos e pendências entre o próprio Opportunity e a TI que foram resolvidos. Mas não detalha quais são exatamente estes acordos que valeram, segundo a Telecom Italia, ? 50 milhões pagos ao Opportunity. O grupo de Daniel Dantas entrega à Justiça uma carta de uma empresa chamada National Economic Research Associates (NERA), supostamente especializada em avaliação de riscos jurídicos, e que atestou ao Opportunity que uma alegada campanha de difamação contra o grupo teria implicado prejuízos de centenas de milhões de dólares ao grupo de Daniel Dantas e seus fundos. Não há, contudo, detalhes do que seria essa suposta campanha de difamação nem qual a relação entre elas e os acordos judiciais fechados com a Telecom Italia que deram ao Opportunity uma substancial quantia em dinheiro.
O Opportunity diz ainda que o fato de a transação ter sido feita pela Brasil Telecom, e não pelo Opportunity, é razão suficiente pela qual o juiz de Nova York não deveria intervir na transação.
Segundo a defesa de Daniel Dantas, eles já entregaram documentos ao Citibank, "dentro da definição do que sejam livros e registros", e que estão ainda separando emails e correspondências referentes à gestão do CVC.
Por fim, o Opportunity tenta tirar Daniel Dantas da jurisdição de Nova York. Como há o risco de que Dantas e o Opportunity sejam colocados em "contempt of court", ou seja, em desobediência legal, a defesa alegou que o principal homem do Opportunity não é parte dos acordos.
A íntegra da defesa do Opportunity em relação à liminar da semana passada está em www.teletime.com.br/arquivos/defesa_dantas.pdf .
Propostas por teles celulares
As declarações de Arthur Carvalho, um dos diretores do Opportunity, à Justiça de Nova York retomam fatos que ocorreram em 2004 como argumento para justificar ações presentes do Opportunity. Por exemplo, usa reportagens dos jornais New York Times e da agência Dow Jones em que o Citi dizia, em 2004, não ter posição de controle na Brasil Telecom. As reportagens, contudo, foram feitas no contexto das denúncias de que o Citi teria, via Timepart, uma participação mais elevada na Brasil Telecom do que a declarada. Tais denúncias, feitas por este noticiário, levaram a Anatel a questionar a Brasil Telecom. Naquela ocasião, o Citi se manifestou dizendo que não tinha o controle da BrT. Agora,o Opportunity usa essas declarações para dizer que, ainda que tenha destituído o grupo de Dantas da gestão do CVC LP, o Citi não tem como controlar a Brasil Telecom.
Arthur Carvalho diz ainda que o Citibank é que recusou as propostas feitas por uma empresa de telefonia celular pelos ativos das operadoras Telemig e Amazônia Celular, e que isso foi feito de forma orquestrada com a Telecom Italia, com quem, segundo Carvalho, o Citibank vinha negociando. Não há, contudo, provas dessa afirmação.