Recuperação judicial impacta fortemente ações da Oi; veja histórico

A segunda recuperação judicial da Oi. Foto: Pixabay/TELETIME

A apresentação do novo plano de recuperação da Oi nesta semana impactou as ações da operadora na B3 – como tem sido praxe ao longo de todo o processo judicial atravessado pela companhia desde 2016, seja de forma positiva ou negativa, conforme histórico compilado por TELETIME.

Na última quinta-feira, 8, os papéis ordinários da operadora (OIBR3) valorizaram dois dígitos (+11,6%), se aproximando da casa do R$ 1 na bolsa (fechamento a R$ 0,96). Já os preferenciais (OIBR4) subiram 17,4%, atingindo a marca de R$ 2,06.

Na quarta-feira, 7, dia seguinte à apresentação do novo plano, a movimentação das ações chamou até mesmo a atenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que enviou à diretoria da Oi um pedido de explicações sobre o volume e a quantidade de negócios envolvendo as ações da tele. Naquele dia a OIBR4 cresceu 9,5% e a OIBR3 avançou nada menos que 30,3%, indicando forte movimento especulativo – uma vez que as ações da Oi têm valor muito baixo (a empresa vale cerca de R$ 660 milhões em bolsa, o que é metade, por exemplo, do que vale a estatal Telebras). Dentro do processo de recuperação estão previstas transações envolvendo ações, incluindo da V.tal, que está em negociação com outros investidores.

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Em resposta ao ofício da CVM, a diretora de finanças e relações com investidores da Oi, Cristiane Barretto, afirmou que não há fatos ou atos relevantes em seu entendimento que pudessem justificar as mudanças. Ela cogitou que pode ter contribuído o processo de recuperação judicial e a divulgação de informações discutidas junto aos credores. 

Já nesta sexta-feira, 9, a OIBR3 valorizou 3% e fechou a R$ 0,99. O OIBR4 subiu 1% e encerrou a R$ 2,04.

Histórico

Não é de hoje que os desdobramentos da tentativa de reestruturação da tele afetam os papéis da Oi na B3. A diferença é que ao longo de quase oito anos das duas recuperações judiciais somadas, a empresa teve sua valorização em bolsa severamente reduzida.

Em junho de 2016, quando a operadora ingressou em seu primeiro processo de recuperação, o OIBR3 era negociado a R$ 0,94, mas equivalentes a R$ 9,40 na comparação com a cotação atual – uma vez que, desde então, as ações da tele passaram por grupamento de 10 papéis em 1.

Em setembro do mesmo ano, na data de entrega do primeiro plano de recuperação da empresa, a mesma ação havia valorizado para o que corresponderia a R$ 31,3 (R$3,1, em cifras da época). Mas no final de 2016 o papel já havia caído para o equivalente a R$ 19,6, segundo informações de histórico.

Em outubro de 2017, no embalo da apresentação de um novo plano estratégico, o OIBR3 chegou ao que seria equivalente a R$ 45 (ou R$ 4,5, antes da conversão). Já naquela reta final de ano o valor começaria a diminuir, encerrando 2017 no que hoje representaria R$ 27. Na época, a empresa atravessou uma sequência de trocas de comando.

Ao fim de 2018, os papéis já eram negociados a R$ 12,50 convertidos, após ano marcado por disputas societárias. Em 2019, a empresa voltou a ser negociada abaixo da casa do R$ 1 em termos nominais no mês de agosto, encerrando o ano a R$ 0,86 (o que, considerando o grupamento feito em 2022, equivaleria a atuais R$ 8,60).

Também foi em 2019 que Rodrigo Abreu se tornou parte do comando da Oi, assumindo o cargo de CEO no ano seguinte para liderar um plano mais agressivo de reestruturação e venda de ativos.

Situação complica

A situação se tornou dramática em 2020, com a crise sanitária do coronavírus – quando os valores chegaram a R$ 0,44 em meados de março (o que equivaleria na quantidade atual de ações disponíveis a R$ 4,40).

Até o final daquele ano haveria recuperação, com o OIBR3 encerrando 2020 em R$ 2,2, o que hoje valeria R$ 22. A Oi apresentou em junho daquele ano um importante plano estratégico em junho prevendo a alienação de ativos, com aprovação pelos credores em assembleia realizada em setembro. Em dezembro, a empresa acertaria a venda da operação móvel para TIM, Claro e Vivo.

Já em 2021, a ação voltou a ser negociada abaixo da casa do real a partir de setembro, fechando o ano em R$ 0,76 (atuais R$ 7,60). Também em setembro a Oi prorrogou o fim da recuperação judicial até o término da venda de ativos – incluindo o comando da rede fibra para o BTG, em negócio celebrado em junho de 2021 e que resultou na V.tal.

As coisas pioraram de vez em 2022; em junho, no dia seguinte à conclusão da venda do comando da V.tal, a ação era negociada R$ 0,49 (o que hoje seria R$ 4,90). Com controvérsia sobre o valor final da venda da Oi Móvel, no fim de 2022 o OIBR3 já valeria equivalentes R$ 1,70, ou R$ 0,17 nominais. A empresa também atravessava difíceis negociações com credores.

Foi em dezembro de 2022 que a tele aprovou o grupamento de ações na proporção de 10:1 e também concluiu a primeira recuperação judicial, após mais de seis anos. Mesmo consolidados, os papeis seguiram em queda no ano de 2023, quando a empresa entrou em sua segunda recuperação judicial.

A indicação do novo processo chegou a derrubar o OIBR3 em 31% em apenas um dia no começo de fevereiro do ano passado. Mesmo agrupadas, as ações voltaram para baixo da casa do um real em agosto, encerrando o ano em R$ 0,64 em meio a incertezas nas novas negociações com credores, que se estenderam até 2024.

Agora, com a apresentação do novo plano, os papeis ordinários voltam a se valorizar e se aproximam novamente da casa do R$ 1. Mas não o suficiente para compensar a pulverização completa sofrida desde 2016. (Colaborou Samuel Possebon)

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