Em tom mais ameno do que o registrado nas últimas declarações públicas de seus principais executivos, as operadoras de TV por assinatura e as de telecomunicações se reencontraram para debater competição nesta quarta, 8, durante a ABTA 2007. Ainda assim, os argumentos centrais de cada uma na disputa pelo mercado de vídeo se mantiveram: do lado das empresas de TV por assinatura, o argumento de que há uma legislação a ser cumprida e competidores do mercado de banda larga e telefonia a serem preservados; do lado das teles, o argumento de que o mercado de TV por assinatura pode crescer mais e que a competição deve se dar com regras simétricas.
Tom mais duro
O presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, foi o mais duro nos ataques, e questionou a capacidade das empresas de TV por assinatura atenderem a todo o mercado de triple play. Segundo o seu raciocínio, através de uma ?conta de padaria? se chega a um número em torno de 20 milhões de clientes potenciais. ?Vinte milhões é uma conta de padaria, se você quiser é trinta?, diz ele. No entanto, as redes de TV por assinatura estão presentes em apenas cerca de 5 milhões de lares, diz o executivo. ?O pessoal de cabo não quer discutir o tamanho desse mercado. E os outros 15 milhões? Se eles não vão investir, então que nos deixem investir?, afirmou o executivo, durante o congresso da ABTA, que acontece até quinta-feira, 9, em São Paulo.
"Tenho dúvidas do equilíbrio econômico das operadoras de telefonia fixa se não buscarmos outros mercados", disse Falco, lembrando que as receitas com voz estão em declínio constante.
Resposta
Durante o painel do Congresso ABTA, o presidente da Net Serviços começou sua fala com uma provocação. ?Nesta mesa está 90% do mercado. Se sair o Bap (referindo-se ao presidente da Sky), eu e o Pecegueiro (presidente da Globosat), continua com 90% do mercado?, em referência à hegemonia das teles fixas no mercado de telecom. Segundo Valim, o lançamento do serviço de voz é que desencadeou essa discussão, ou seja, a partir do Net Fone via Embratel, que abocanhou parte da receita da Telefônica, é que as teles começaram a querer disputar o mercado de TV e vídeo.
Sobre o fato de a TV por assinatura não alcançar penetrações maiores, Valim lembrou que existe um custo extremamente pesado, que é o de programação, que inviabiliza pacotes mais baratos. "Não consigo fazer a equação ficar de pé com um modelo alternativo ao dos pacotes que oferecemos hoje. O modelo de venda de canais individualmente é inviável".
Valim disse que se as teles quisessem efetivamente a competição, adotariam o modelo de bill and keep na tarifação da telefonia fixa e deixariam de pressionar pela postergação da portabilidade numérica.
Valim lembrou ainda que o market share das operadoras de TV paga no mercado de banda larga é de apenas 15%, e que por isso a assimetria precisa ser mantida. Falco lembrou que esses 15% são no mercado geral, e não nos mercados em que TV a cabo e teles coexistem.