Os dados do serviço regulado de TV por assinatura (o chamado SeAC) não capturam a dinâmica exata do segmento no País, na medida em que o crescimento do streaming não é considerado nas cifras, entende a Claro. Ainda assim, o risco de envelhecimento da base de assinantes da TV paga tradicional preocupa outros players da cadeia.
Nesta terça-feira, 5, operadoras do segmento participaram do evento Nextv Series Brasil, realizado em São Paulo. Diretor de produtos de vídeo da Claro, Alessandro Maluf apontou que muita coisa está acontecendo na TV por assinatura e que o mercado "está longe do fim". Para a líder do segmento no País, todo conteúdo pago de vídeo deveria ser considerado parte do negócio.
"Os números [da Anatel] mostram todo mês que a TV paga está caindo, mas aquilo é um pedaço do número – o SeAC. Existe uma transformação na TV por assinatura e a Anatel não tem os números do streaming", pontuou Maluf. Divergências entre a base oficial da Anatel e números mais recentes da PNAD foram citados pela Claro para embasar o argumento.
Avaliação similar foi realizada por TELETIME: enquanto pela PNAD quase 30% dos domicílios teriam TV por assinatura, pelos dados oficiais da Anatel, os números seriam de apenas 17% dos lares, lembrou Maluf (uma das razões para o desencontro pode ser a pirataria). Se considerado o streaming, 43% dos domicílios teriam algum produto de vídeo contratado, ou universo muito mais amplo.
Envelhecimento
A visão convergente já faz parte da estratégia de provedores regionais que atuam no segmento, como a Alares. Ao reconhecer as grandes transformações no mercado, o diretor de marketing e atendimento da operadora, Alejandro Contreras, notou que a empresa tem buscado ampliar parcerias para streaming, ao mesmo tempo em que o modelo tradicional segue sendo comercializado. Há, contudo, diferenças grandes entre os perfis de cliente das duas abordagens.
Segundo Contreras, dos mais de 600 mil assinantes de banda larga da Alares, 75% contam com serviços de streaming e 30%, com a TV paga tradicional (não necessariamente da provedora). Este segundo grupo seria majoritariamente feminino, com mais de 60 anos de idade, muitas vezes aposentado e com rendimento acima da média da base de clientes. Neste sentido, um risco de envelhecimento da base foi assinalado no caso do SeAC tradicional.
Na Vero, o SeAC está se tornando parte do jogo agora, com a conclusão da fusão da empresa com a Americanet, que tem operação no modelo tradicional. Diretor de marketing e vendas da operadora, José Carlos Rocha Júnior notou que o foco no streaming da operadora segue inalterado, mas que a possibilidade de expandir mesmo o modelo SeAC para outras localidades será avaliada durante a integração entre as duas empresas.
Há leitura de que a alternativa também é vista como um serviço premium nos dias de hoje, assim como os OTTs de vídeo que a Vero busca incluir através de parcerias para incremento da proposta de valor. No momento, outro objetivo da empresa é formatar alternativas diferentes para categorias distintas de consumidor.
A Desktop é outra empresa que indica estar se movimentando para anunciar parcerias no segmento de streaming para 2024, enquanto a Claro ampliou recentemente acordo com a Globo para distribuição do Globoplay. Alessandro Maluf usou a metáfora de um shopping center para ilustrar a estratégia da tele de agregar diversas opções de conteúdo – incluindo outros agregadores.
"A experiência mais simplificada é o desafio em um mercado pulverizado [como o atual]", apontou o diretor de produtos de vídeo da líder do mercado de TV paga. No geral, o executivo cobrou uma perspectiva menos pessimista sobre o futuro do negócio de TV paga. A própria diminuição no ritmo de queda percebido pela operadora seria uma das boas notícias – passando de pico de mais de 10% de retração para projetados 6% de queda neste ano.
Parte da melhora passa pela estratégia baseada nos novos modelos para entrega do conteúdo. A Claro revelou em novembro, conforme antecipado com exclusividade por este noticiário, que o número de assinantes de TV paga da operadora no modelo OTT já alcançava os 730 mil – sendo 150 mil usuários do app do Claro TV e 580 mil clientes do Claro Box.
Claro cobra visita de técnica . Não disponibiliza a fatura em tempo, e quando o faz cobra juros por atraso pagamento. Extorsão?