Programação e regras assimétricas são principais desafios para novos entrantes

Para novos operadores de TV por assinatura e banda larga, o caminho para superar a competição é tortuoso, sendo necessário superar desafios regulatórios e de custos de programação. Para o presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), Basílio Perez, oferecer mais serviços além da conectividade é a solução. "O combo é fundamental", disse ele durante painel operacional na  ABTA 2014, que acontece esta semana em São Paulo. "Quando (a empresa) chega em locais, mesmo com fibra, com bandas de 10 Mbps ou 20 Mbps, se não chegar com TV junto vai perder, não tem a menor chance", afirma.

Notícias relacionadas
Segundo Perez, os pequenos provedores (ISPs) estão procurando utilizar fibra até a residência (FTTH), mesmo em locais remotos, mas ainda falta a oferta de uma triple-play. "O mais interessante é que é em casas de baixo poder aquisitivo, nas classes C e D com FTTH em 20 Mbps como bairros de alto padrão em São Paulo, mas isso é só banda larga, não é TV. Tem que fazer o combo completo."

Por outro lado, o diretor executivo da NeoTV, Alex Jucius, explica que muitos dos ISPs que estão adotando a infraestrutura ótica o fazem mais pela conectividade do que pela oferta de TV.  "Grande parte tem migrado estrutura de rádio para a fibra, por isso têm levado à sério a decisão tecnológica de trabalhar em cima do GPON, mas isso traz complexidades para instalar IPTV", declara. "O HFC tem outras complicações, mas está muito mais estável no Brasil", compara.

"A decisão do GPON não foi muito pelo mercado de TV, foi mais pela demanda de banda larga", concorda o presidente da Associação dos Provedores de Internet (Abramulti), Manoel Santana. "As grandes operadoras do Brasil não têm feito muitos investimentos em redes de longa distância por causa de dificuldades regulatórias, técnicas e financeiras, porque eles veem como (se estivessem) abrindo caminho para o Netflix."

Custos elevados

Entre as empresas que optaram pela rede FTTH para oferta de TV está a Life, que lança no dia 18 seu produto de IPTV no oeste paulista (Marília, Garça e Pompeia). O diretor da ISP, Luis Eduardo Martins, afirma que agora há um amadurecimento nos objetivos do mercado, mas os desafios continuam. "A gente não tem só problema de custo, mas também de empacotamento, hoje tem limitação com número de canais de entrada, não conseguimos dar conta, não cabem no pacote de entrada todos os canais que o mercado pede. O custo da programação é muito alto, as margens são muito estreitas, você fica pensando se compensa ou não, mas acaba vendo o serviço como um todo e ele é interessante pela diversidade de possibilidades", explica.

O diretor executivo da associação NeoTV, Alex Jucius, ressalta que a maior preocupação é o custo de programação, e sugere o compartilhamento de infraestrutura, como o head-end para várias operadoras. Mas ele reclama das regras impostas pela Anatel, que acabariam minando o negócio por outro lado. "O regulador não dá as condições necessárias para as pequenas sobreviverem", define. Jucius explica que é preciso trabalhar por regras "mais claras e mais bem estruturadas" para promover a competição para os cerca de 4 mil pequenos provedores no País.  Ele lembra que esses ISPs podem se diferenciar com o atendimento localizado, mas que regras novas como as do Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações, o RGC (Resolução nº 632/2014), coloca em igualdade empresas de diferentes tamanhos. "Sim, o mercado é assimétrico, mas não adianta ficar chorando, tem que ter ações. Tem que mostrar isso ao órgão competente no governo, as associações precisam colocar esse ponto claro." 

Mas além do custo de programação, o custo do link de Internet, que é o principal insumo para a oferta de banda larga, é também um grande desafio a estes operadores.

Pirataria

Havia um consenso lógico referente aos prejuízos provocados pelo roubo de sinal. Luis Martins, da Life, pede esforço conjunto. "Falta a sinergia de mercado para combater a pirataria, tanto na frente judicial como parlamentar, essa law enforcement, e a gente tem que exercer isso de alguma forma."

"Acho que é um aspecto cultural", provoca o fundador da empresa de consultoria WolfPack, Benjamin Schwarz, mas que foi responsável por parte da estratégia da operadora francesa Orange com IPTV naquele país. "Tem a ver com a cultura mais anglo-saxônica, que faz você se sentir mais culpado facilmente. Países latinos acham mais conveniente (a pirataria)", declarou. Para ele, a saída para combater a ilegalidade é oferecer um bom conjunto de serviços, além de um killer app, como o catch-up TV. "Se você tiver um catch-up TV esperto, você move o conteúdo."

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!