A adoção de iniciativas de responsabilidade ambiental, social e governança corporativa (ESG) está deixando de ser uma opção para a cadeia de telecom e se tornando um imperativo, avaliou a Vivo durante o seminário Telecom ESG, promovido por TELETIME nesta terça-feira, 4.
"O ESG deixou de ser opção e virou um pressuposto", resumiu o vice-presidente de relações institucionais da operadora, Renato Gasparetto, na ocasião. Mesmo pontuando que compromissos do gênero não são compulsórios, mas voluntários, o executivo apontou que aspectos como a demanda geracional tem empurrado empresas nesta direção.
"Um quarto dos consumidores leva em conta pelo menos dois atributos do ESG para a compra, e 71% da população se preocupa com questões climáticas. Esse número cresce para mais de 80% entre millennials", notou o VP da Vivo – traçando uma relação direta entre a abordagem dos aspectos com a reputação de marca.
O tema também foi abordado pelo sócio-líder de tecnologia, mídia e telecomunicações da KPMG, Marcio Kanamaru. Segundo ele, 70% do valor das empresas de telecom está relacionado a aspectos intangíveis – como a chamada identidade reputacional, diretamente afetada pelo ESG. Entre as maiores empresas da economia global, o valor de mercado associado a atributos intangíveis seria de 90%.
No cenário, o consumidor também estaria mais atento a tentativas de greenwashing (maquiagem verde, em tradução livre), quando empresas reduzem a agenda ESG a iniciativas de marketing. "A sociedade civil tem cobrado muito e de forma bastante ampla", apontou Kanamaru.
Longo prazo
Assim como na Oi, a Telefônica (dona da marca Vivo) pontuou que iniciativas de responsabilidade social são tocadas dentro da empresa há décadas. Em 2018, um comitê de sustentabilidade ligado diretamente ao CEO foi criado, em trilha que tem a captação de debêntures com metas ambientais e sociais como movimento mais recente.
Outra frente com atividades em curso envolve a relação com fornecedores – considerada por Gasparetto como um dos maiores desafios ESG na cadeia de telecom. Dentre os mais de 1,2 mil fornecedores da Vivo, os 115 maiores emissores de gases do efeito estufa já foram identificados no esforço da empresa para rastrear e reduzir emissões do chamado escopo 3 (que engloba a cadeia de valor).
Nos escopos 1 (emissões da própria operação) e 2 (relacionadas ao consumo de energia), a Vivo reporta redução de 76% entre 2015 e 2021, em esforço aliado a iniciativas de reciclagem e renovação da matriz energética. Mesmo com a expansão de redes, Gasparetto afirma ser possível seguir com metas "ousadas".
O posicionamento também estaria refletindo em boa colocação da companhia em rankings como o Índice Dow Jones de Sustentabilidade, cuja prévia colocou a tele entre as 10 mais sustentáveis do mundo no setor, segundo Gasparetto. Mesmo na comparação com demais segmentos da economia, a Vivo teria papel de destaque, ficando no top 5 no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da B3
O VP de relações institucionais, contudo, teme que fatores como a instabilidade econômica global afetem a agenda ESG dentro da lista de prioridades dos CEOs ao redor da cadeia produtiva. Já KPMG recorda que o próprio setor de telecom tem, como fornecedor, papel importante a desempenhar, sobretudo no aspecto ambiental. "É um setor que vai colaborar através da digitalização dos diversos segmentos da economia", afirmou Marcio Kanamaru.