29 concessionárias de energia no Brasil têm redes privativas de telecomunicações, representando mais de um quarto das pouco mais de 100 licenças do gênero já concedidas pela Anatel.
A informação foi apresentada pelo gerente de espectro, órbita e radiodifusão da agência reguladora, Rodrigo Gebrim, durante o UTCAL Summit 2024 – evento de conectividade e utilities realizado no Rio de Janeiro nesta semana.
O dado alimentou um dos principais debates do evento: a disponibilização de espectro para empresas do ramo de energia, para projetos de redes privativas. O movimento deve se intensificar com a entrada em vigor, em fevereiro último, do Ato 915/2024 da Anatel.
Esse novo regimento é uma atualização dos requisitos técnicos e operacionais para uso de radiofrequências associadas ao Serviço Limitado Privado (SLP). O ato trata, entre outros assuntos, da nova regulamentação da faixa de 400 MHz, já que deu a preferência da utilização dessa banda às empresas que atuam no provimento de energia elétrica, gás e saneamento.
De acordo com Gebrim, essas 29 concessionárias de energia mencionadas têm redes privativas ativadas a partir de outras frequências já autorizadas pela agência. A nível global, o Brasil ocupa papel de destaque na adoção e planejamento de redes privativas.
Durante o debate, o vice-presidente da UTCAL, Ronaldo Santarém, disse que a nova regulamentação da Anatel interessa fortemente o setor de utilities, especialmente no segmento de energia. Esse apetite se deu, de acordo com ele, em consequência da maior adesão de novas tecnologias e infraestruturas.
A liberação já era aguardada pelo setor há pelo menos cinco anos e teve como palco a União Internacional de Telecomunicações (TIU), com a participação da UTC América Latina no incentivo aos debates.
Decepção na faixa de 3,7 GHz
Se no caso das redes privativas das utilities de energia a demanda é alta, no geral a Anatel está decepcionada com o interesse até aqui por espectro para redes privativas, segundo declarou Gebrin esta semana no Forum de Operadoras Inovadoras, realizado pela TELETIME e pela Mobile Time esta semana em São Paulo. Segundo ele, na faixa de 3,7-3,8 GHz, que foi reservada para uso privativo, a Anatel recebeu apenas 26 pedidos. (Colaborou Samuel Possebon)