As emissões de gases de efeito estufa (GEE) das fornecedoras da cadeia de telecom devem representar um grande desafio na estratégia de sustentabilidade do setor, apontou a nova edição do relatório Telco Sustainability Index elaborado pela Boston Consulting Group (BCG).
A estimativa da consultoria é que, globalmente, 75% das emissões de GEE vinculadas às empresas de telecom venham do chamado escopo 3, que reúne atividades indiretas de parceiros como transporte, distribuição e descartes de resíduos. Somadas, as emissões diretas (escopo 1) e relacionadas ao consumo energético (escopo 2) responderiam pelos outros 25%.
"O principal desafio para o setor nos próximos anos será que os fornecedores meçam com precisão suas emissões e, em seguida, cumpram os compromissos para reduzir sua pegada de carbono", afirmou a BCG. A saída, avalia a consultoria, passa por uma abordagem "sistemática, automatizada e escalável" para o monitoramento de parceiros.
Em paralelo, outro aspecto de atenção apontado na relação da indústria de telecom com fornecedores foi a "lentidão" em políticas de gestão de resíduos. "Poucas têm estabelecido uma linha de base clara sobre os esforços para reciclar os smartphones ou os equipamentos que fornecem aos clientes, e menos ainda se comprometeram com metas reais de redução de resíduos", apontou a BCG.
ESG
Globalmente, o relatório vê ligeiro avanço nos programas de sustentabilidade das operadoras de telecom. A avaliação global do setor no índice de sustentabilidade do BCG evoluiu de média 51 em 2020 para 53 na edição mais recente, em movimento ligado à adoção de programas de governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês).
O tema seria objeto de pressão por parte de acionistas, reguladores e consumidores, inclusive os do setor corporativo que precisam gerir suas próprias metas ESG. Ao mesmo tempo, benefícios para líderes climáticos também foram apontados, como menor risco regulatório, crescimento de receita com produtos "verdes" e financiamentos mais baratos. O BCG identificou 10 operadoras que já realizaram emissão dos chamados green bonds.
No aspecto regional, o destaque foram as operadoras europeias, com nota média de 62 no índice de sustentabilidade. No caso das empresas baseadas na Europa que possuem operações em outros mercados (como Telefónica e Telecom Italia, donas de Vivo e TIM, respectivamente), a média foi ainda maior (72).
Já na América do Norte e na Ásia, os índices médios obtidos foram 48 e 34, respectivamente. Para a nota, foram considerados indicadores como metas ambientais, transparência, emissões de GEE, intensidade energética, gestão de resíduos e iniciativas com o consumidor.