A possibilidade de ofertar a banda larga fixa através da tecnologia 5G no modelo de FWA (acesso fixo sem fio) tem despertado reflexões sobre qual será o papel da oferta diante da consolidada forma de entrega do serviço a partir da fibra óptica.
Durante o evento TeletimeTec, organizado por TELETIME e realizado nesta segunda-feira, 4, em São Paulo, executivos de empresas vencedoras de lotes regionais no leilão do 5G discutiram o assunto: tanto na Ligga Telecom quanto na Greatek/Cloud2u, os desafios do FWA foram acompanhados de otimismo sobre o uso comercial da tecnologia.
"O CPE [equipamento na casa do cliente] ainda tem um preço alto, gerando um retorno muito longo para o FWA, porém há números interessantes lá fora. Inclusive há operações típicas de fibra no qual o FWA tem um volume cada vez maior no share", afirmou o gerente de negócios do grupo Greatek/Cloud2u, Anderson Ferreira.
"Temos visto resultados de operações lá fora com performance interessante. Não sei se sustentáveis, mas bastante interessantes", refletiu o diretor de novos negócios da Ligga Telecom, Lucas Aliberti. Entre as empresas internacionais monitoradas estão T-Mobile e Verizon, dos Estados Unidos.
"Na Verizon, cresceram muito as adições líquidas FWA e houve queda na venda da fibra", prosseguiu o profissional. Para o executivo da Ligga – que tem o mercado corporativo como foco central da sua estratégia 5G -, a longo prazo, o futuro das ofertas fixas será inevitavelmente sem fio. "O fio vai existir enquanto entregar mais qualidade", apostou Aliberti.
Já no curto prazo, a questão seria a qual preço o FWA poderia oferecer serviço com capacidade semelhante à da fibra. "O preço ainda é muito importante. O meu investimento com rede de acesso, core e modem seria muito parecido com o da Verizon, mas ela pode cobrar US$ 50 e eu, R$ 100. Lá há mais capacidade de monetizar esse capex", seguiu o diretor da Ligga, citando o alcance de cobertura do FWA como outra variável.
Juntas
No limite, tanto a operadora paranaense quanto a Greatek/Cloud2u classificaram fibra óptica e FWA via 5G como tecnologias complementares. A análise foi compartilhada pela Huawei, que tem parcela relevante de mercado no ecossistema das duas tecnologias.
"A fibra e o 5G não são inimigos, mas complementares. Cada tecnologia vai ter sua aplicação mais apropriada e cada caso vai ter que ter sua própria análise do que é melhor", apontou o diretor de assuntos corporativos e regulatórios da Huawei, Carlos Lauria.
Durante o TeletimeTec, a empresa reforçou a estratégia de padronização de soluções fixas e ópticas para maior convergência com a quinta geração de redes. A iniciativa F5G tem sido globalmente conduzida pela European Telecommunications Standards Institute (ETSI) e conta com o apoio de operadoras como a brasileira Oi, além da fornecedora chinesa. "A rede fixa e a wireless estão evoluindo e chegando em situações que mostram como elas são complementares", sinalizou Lauria.