Cagece reage e defende usina ao lado de cabos na Praia do Futuro

Após manifestações das operadoras e da Anatel sobre os possíveis riscos de rompimento dos cabos submarinos que a implantação da Planta de Dessalinização de Água Marinha, localizada na Praia do Futuro (Fortaleza/CE), pode ocasionar, a Cagece, empresa de tratamento de água e esgoto do Estado do Ceará (uma das responsáveis pela obra) disse que o projeto continua com os planos inalterados.

Na avaliação da empresa, qualquer argumentação neste momento contrária à Usina seria inoportuna, pois o projeto passou por duas consultas públicas e audiências. Além disso, diz a estatal, o plano também contou também com legislação aprovada na Câmara Municipal de Fortaleza e validação do Conselho Gestor de Parceria Público-Privada (PPP) do Estado e Tribunal de Contas do Estado (TCE).

"Os argumentos das referidas empresas não apresentam nenhuma justificativa técnica que inviabilize a construção da planta, que conta com uma série estudos ambientais. Foram cumpridos todos os processos de criteriosos estudos técnicos, consultas e audiência pública para garantir a transparência e participação de entidades e sociedade civil. A posição da Anatel pode ser considerada simplista uma vez que não levou em consideração áreas especialistas em recursos hídricos e não apresenta novos fatos ou argumentos técnicos", diz a empresa.

Notícias relacionadas

A companhia de água e esgoto do Ceará ainda afirma que a posição da Anatel e das empresas pode causar problemas na prestação de um serviço essencial para a população, que é o acesso à água potável, impactando diretamente na segurança hídrica de Fortaleza e no valor final do projeto.

A estatal critica ainda a reguladora e operadoras por supostamente não levarem em consideração os impactos para a população de Fortaleza. "Ao contrário, se unem para praticar no local uma espécie de reserva de mercado, pois não existe nenhuma legislação que indique que Praia do Futuro é reservada apenas para cabos submarinos. O que a Cagece manifesta neste momento é o posicionamento claro acerca de uma política pública em defesa do acesso a água para a população", afirma a empresa em nota a este noticiário.

Sem riscos?

A Cagece diz também que o projeto não apresenta nenhum risco ao funcionamento dos cabos submarinos localizados na Praia do Futuro, e que já atende a uma solicitação de mudança de 500 metros do ponto de captação, em relação aos cabeamentos. A empresa disse que o terreno que sediará a planta da usina ainda não foi adquirido – está em negociação com o proprietário – mas que já há decreto de desapropriação do mesmo.

"Somente essa modificação deverá representar um aumento na ordem de R$ 35 milhões a R$ 40 milhões para a execução do projeto. Se a usina não for construída na Praia do Futuro, a planta será bem mais cara, pois serão acrescentados gastos com adutoras até os reservatórios de Fortaleza e, essas mesmas poderiam cruzar com as fibras ópticas no continente", afirma a empresas de saneamento do Ceará.

Outro ponto que a Cagece justifica para fazer a Usina de Dessalinização na Praia do Futuro é que a área terrestre da praia convive com redes de água, esgoto, gás, drenagem, energia, cabos de Internet e linhas férreas sem nunca ter havido interferência por parte de nenhuma, em relação a outra. "A Cagece, por exemplo, realiza há décadas obras e manutenções na área, sem nunca ter causado nenhum dano à operação de cabos de Internet".

Por fim, empresa diz que o projeto traz segurança hídrica para o povo cearense, com o objetivo diversificar as fontes de abastecimento do estado, fazendo com que a distribuição de água não dependa apenas de chuvas. "Ele faz parte no Plano de Recursos Hídricos do Ceará e do plano Fortaleza 2040. Como sabemos, vivemos hoje uma situação anunciada de mudanças climáticas, com previsão de forte El Niño para os próximos anos, o que significa cenário de estiagem para nossa região que, inclusive, está inserida no Semiárido", diz a empresa.

O que diz Anatel e operadoras

Informe elaborado pela área técnica da Anatel propõe ao Conselho Diretor da Anatel que envie ofício ao governo do Estado do Ceará manifestando contrariedade à construção da Usina Dessalinizadora de Fortaleza. A questão ganhou repercussão quando o Ministério das Comunicações, operadoras e agência levantaram preocupações sobre os riscos que o empreendimento poderia causar dos cabos submarinos que chegam naquela praia.

Hoje, o local é o maior hub de cabos submarinos do Brasil e o segundo maior do mundo, com mais de 15 pontos de conexão, além dos respectivos data centers. O projeto que preocupa as autoridades e empresas de telecomunicações é estimado em R$ 3 bilhões e que visa o abastecimento de cerca de 700 mil pessoas por 30 anos.

O ministro Juscelino Filho participou do evento "Conexões Políticas: A importância dos cabos submarinos", organizado pela Anatel e pela Telcomp em Fortaleza/CE, na semana passada, e que tinha como pano de fundo justamente a questão da usina. Segundo o ministro, os cabos que partem de Fortaleza são "responsáveis por 99% do tráfego de dados internacional" e possuem importância estratégica para o Brasil.

"Essas estruturas são essenciais para várias políticas públicas, não apenas de telecomunicações, como também de transformação digital, educação, saúde, segurança da informação, segurança cibernética e, mais especificamente, a Estratégia Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas e o Plano Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas".

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!