Vivo preocupa-se com excesso de aplicações no catálogo

A Vivo diz que não tem sentido que a empresa repita a mesma desaceleração no ritmo de crescimento dos downloads de dados registrados pela Verizon Wireless nos EUA. Segundo Alexandre Fernandes, diretor de produtos e serviços da operadora, que participou esta semana da Brew 2006, feira realizada em San Diego, o que acontece é que o crescimento do número de aplicativos é superior ao crescimento no número de downloads. Ou seja, o mercado de aplicações está ficando mais saturado. "Somos adeptos da teoria da evolução de Darwin. Os melhores sobreviverão", diz Fernandes.
De qualquer forma, a Vivo tem procurado criar alguns mecanismos para evitar que o excesso de oferta de conteúdos seja uma ameaça para o negócio. Primeiro, adota a política de avaliar os novos contratos após 20 dias de inclusão no menu de ofertas, para testar a receptividade de determinada aplicação. Depois, orienta os desenvolvedores a evitarem mercados saturados. "É fácil de ver, temos uma segmentação muito bem feita das nossas opções. Onde tem muita gente certamente haverá maiores dificuldades para a apresentação de novos aplicativos", disse ele. "Produtos com bom 'porting', bom preço e que atendam aos nichos onde não há produtos suficientes têm muito maior chance de sucesso."
Hoje, o foco da Vivo em termos de novas aplicações, explica Fernandes, são produtos que integrem plataformas de entretenimento e localização. "Isso é prioridade porque há pouca oferta nessa área."

Notícias relacionadas

Organização

Seguindo uma tendência que parece ficar cada vez mais clara entre as operadoras móveis nos EUA, de reorganizar seus conteúdos para que os resultados de venda e downloads sejam mais significativos, a Vivo diz que analisa com cuidado a solução uiOne, proposta este ano pela Qualcomm. Trata-se basicamente de um middleware em cima da plataforma Brew que pretende reorganizar as diversas aplicações e tornar a navegabilidade entre elas mais simples e mais integrada. Segundo Fernandes, a adoção da uiOne como um todo é um passo complexo e que a Vivo pretende dar com cuidado, dependendo ainda de muita análise técnica e conversa com os fabricantes de handsets, pois o uiOne é uma tecnologia que precisa ser embarcada no aparelho ainda na sua camada de hardware. Mas a operadora já se definiu pela adoção de um subsistema do uiOne que permite o mobile shopping de aplicações.

TV digital

A Vivo é muito cuidadosa ao falar da questão de serviços de TV digital móvel no Brasil. A operadora reconhece que a tecnologia ISDB-T é potencialmente a mais interessante para si, pelas sinergias tecnológicas existentes com o mercado japonês (onde o CDMA também é predominante). "Não quer dizer que defendamos o modelo nem que estejamos aceitando nada. Não sabemos ainda como será o modelo da radiodifusão. Provavelmente será gratuito, e isso não é necessariamente ruim porque, se eventualmente for um conteúdo gratuito, isso estimulará a massificação do serviço de mobile TV e o download de outros conteúdos."
A Vivo, contudo, não mostra muito entusiasmo em desenvolver uma rede própria de mobile TV independente de sua rede atual. "Estamos satisfeitos com a nossa plataforma e achamos que hoje ela é suficiente para o que estamos fazendo. Ter uma rede própria só para mobile TV não faz parte dos nossos planos", disse, ao comentar sobre as conversas com a Qualcomm para a introdução do MediaFLO (plataforma de mobile TV) no Brasil. Segundo Fernandes, a empresa também já analisa as revisões da tecnologia EV-DO para ampliar a velocidade de download e upload. "Não é algo urgente, mas é claro que vamos, em algum momento, evoluir nossas redes com os próximos releases da tecnologia."

Gigantes de games

A Vivo vê com bons olhos a entrada de empresas tradicionais do mercado de games, como a EA e a Microsoft, no mercado de telefonia móvel, com prováveis conseqüências para o Brasil. "A aquisição da Jamdat pela EA recentemente anunciada foi algo significativo para a indústria de serviços de valor adicionado. Estas empresas tradicionais de games investem bilhões em desenvolvimento de novos jogos e consoles, e isso será bom para a indústria de jogos em celular", diz. A Vivo também anunciou que deve lançar, até o final do ano, um novo concurso de jovens desenvolvedores, especialmente de aplicações como games e entretenimento.

Massificação

Fernandes diz que a estratégia da empresa não está restrita ao segmento high end (de alto poder de consumo), como pode parecer, em função da complexidade das aplicações que a operadora tem lançado em seu portfolio. "Claro que os serviços sempre começam a ser oferecidos pelas camadas mais ricas, mas vamos chegar a todos. Queremos cada vez mais handsets de baixo custo com capacidade para aplicações mais avançadas e mais serviços", diz. Uma das estratégias mostradas ao longo do Brew 2006 e que desperta interesse da Vivo é a opção de vender alguns conteúdos (jogos, tons musicais, download de vídeos e músicas) por meio de cartões pré-pagos, ou giftcards.

Dados

Fernandes também mostrou em sua apresentação no Brew 2006 alguns números novos da Vivo em relação aos serviços de dados. Hoje, cerca de 6% das receitas da operadora provêm deste segmento, e entre 40% e 45% dos downloads são de jogos. A operadora teve em março deste ano cerca de 1,5 milhão de downloads por mês e espera chegar a 2,3 milhões até o começo de 2007. Ainda que Fernandes não aponte uma redução no ritmo de crescimento dos downloads como algo preocupante, fica evidente pela análise dos dados da Vivo que o ritmo de crescimento em 2005 não foi acentuado. A operadora tem cerca de 6 milhões de terminais prontos para aplicações em Brew e pretende chegar ao final do ano com 10 milhões, com 1,2 milhão de usuários dos serviços de dados utilizando mensalmente os serviços.
Chama a atenção o crescimento do número de aplicações desenvolvidas por publishers internacionais no catálogo da Vivo. No ano passado, 67% das aplicações eram desenvolvidas por brasileiros ante 33% por estrangeiros. Agora, os desenvolvedores estrangeiros já são 52% ante 48% de brasileiros. Mas as aplicações nacionais ainda respondem pela maior parte dos downloads: 81% ante 90% registrados em 2005. A razão, diz Fernandes, é que os usuários preferem os conteúdos nacionais.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!