Viasat faz duras críticas às práticas de grandes empresas de megaconstelações

Chief officer of global government affairs & regulatory da Viasat, John Janka. Foto: Bruno do Amaral

Em participação no Congresso Latinoamericano de Satélites nesta quinta-feira, 21, o chief officer of global government affairs & regulatory da Viasat, John Janka, teceu duras críticas às práticas que ele considera anticompetitivas por parte de grandes constelações não geoestacionárias. Sem citar explicitamente a maior delas, a Starlink, do empresário Elon Musk, o executivo afirmou que "algumas empresas" estariam "começando a impor custos" em sistemas e a países que poderiam acabar por restringir as redes de sistemas geoestacionários, ou mesmo de outras constelações de órbita baixa. 

Janka citou estudos que mostram que uma constelação de 30 mil satélites de uma mesma empresa poderia resultar em total obliteração da capacidade para competidores. "Isso muda a dinâmica de mercado, e por isso precisamos pensar em formas de todo mundo coexistir. Tem soluções, mas não devem vir do mercado, e sim de reguladores", apontou. Esta é a quantidade de satélites previstos para o sistema da Starlink.

De acordo com o executivo, a constelação em questão estaria violando as curvas de interferência projetadas em mais de 20 vezes para sistemas GEO. "Não só impacta o sistema atual, mas também a habilidade de inovar no futuro, porque a folga que se esperava ter acaba sendo consumida", declara o executivo da Viasat. 

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Na opinião dele, o assunto deveria ser tratado também com o viés de soberania, além da perspectiva de concorrência. "Ninguém está vendo isso no Brasil, e o Brasil está tendo que se preocupar. Não é do interesse de muitos países que o Brasil seja bem sucedido", alerta. "Eu acho que, no final das contas, são os governos nacionais que têm que agir nisso. Eles são os responsáveis por serviços de telecom, responsáveis pelo uso de espectro, gerência de interferência e competição", argumenta.

O assunto é caro ao setor. Janka coloca que a ideia não é necessariamente impor mais regulações, nem que seja fragmentada com cada país. "Ninguém quer mais regulações. Nos nossos melhores interesses, queremos chegar a conclusões amigáveis", concorda Diego Paldao, da SES. "A gente tem ficado bem nos últimos anos, mas precisamos de governo quando há pessoas que não entram nas regras", coloca Gleen Katz, da Telesat

O Congresso Latinoamericano de Satélites é realizado pela Glasberg Comunicações e organizado por TELETIME no Rio de Janeiro e continua nesta sexta-feira, 2.

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