A proposta da SpaceX de expandir a constelação de satélites de baixa órbita (LEO) da Starlink em quase 30 mil novos artefatos nos Estados Unidos está despertando preocupações entre players da cadeia espacial.
Em comentários sobre o tema enviados à reguladora de telecomunicações do país (a FCC), a Nasa e competidoras no mercado de satélites questionaram impactos ambientais, na gestão de espectro e de segurança caso a segunda geração (a Gen2) da frota Starlink seja autorizada.
Segundo a agência espacial norte-americana, os novos satélites devem aumentar em cinco vezes o volume de objetos no espaço abaixo de 600 km, com risco de impacto sobre missões científicas e operações espaciais tripuladas. Para a Nasa, nem mesmo a capacidade da SpaceX de manobrar remotamente os artefatos seria capaz de mitigar os riscos totalmente.
"Com o potencial para várias constelações com milhares e dezenas de milhares de naves espaciais, não é recomendado assumir que os sistemas de propulsão, sistemas de detecção em solo e de software sejam 100% confiáveis, ou que as operações manuais (se houver) são 100% livres de erros", afirmou a Nasa à FCC.
O órgão ainda pontuou que regras para as manobras não estão claramente definidas dentro da indústria; por isso, a SpaceX deveria encomendar análises sobre a convivência da constelação LEO com outras frotas do gênero, bem como medidas de mitigação.
Concorrência
Para a OneWeb, que também está explorando o segmento LEO, uma constelação do tamanho proposto na Gen2 implicaria em risco para concorrentes, uma vez que a governança para a órbita não-geoestacionária ainda não acompanhou o desenvolvimento recente do segmento.
A empresa admitiu que não há consenso entre os players de baixa órbita a respeito de como eventuais regras para coordenação seriam aplicadas. Dessa forma, seria "muito provável que o operador com o maior sistema prejudique significativamente outros sistemas", de acordo com a OneWeb.
Já a Viasat focou nos impactos ambientais gerados por uma constelação da dimensão, solicitando um plano de mitigação de detritos orbitais e de riscos de colisão. Do ponto de vista concorrencial, a empresa crê que a Gen2 impediria o uso de "valioso recursos orbitais e de espectro escassos e compartilhados". O benefício ao interesse público gerado pela constelação da Starlink também foi questionado pela empresa.
Brasil
No Brasil, a operadora do bilionário Elon Musk recebeu autorização para exploração de satélite estrangeiro no último mês de janeiro. A licença é válida para 4 mil satélites da frota, com eventuais expansões dependendo de nova permissão. Nos Estados Unidos, a empresa já recebeu autorização para cerca de 12 mil artefatos.