Capacitação brasileira depende de continuidade de projetos, dizem Visiona e INPE

Para Eduardo Bonini, presidente da Visiona, joint-venture da Embraer com a Telebras criada para integrar o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Estratégica (SGDC), para que a transferência de tecnologia prevista no contrato da Telebras com a Thales Alenia Space dê frutos ao País é preciso garantir a continuidade dos projetos na área.

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"Para ter essa retenção de tecnologia, nós precisamos de projetos, precisamos ter sequência de programas e de 75% a 85% dos clientes são governo", afirmou ele, que participou de audiência pública na Comissão de Ciência, Tecnologia Comunicação e Informática do Senado sobre o tema.

Segundo o executivo, hoje há 17 engenheiros brasileiros acompanhando a montagem do artefato nas instalações da Thales Alenia, na França. Em janeiro, esse número sobe para 32 pessoas. "Essa é a melhor maneira de fazer transferência de tecnologia", sustenta o executivo.

A afirmação foi contestada pelo presidente do sindicato dos trabalhadores na área espacial, o SindiCT, Ivanil Barbosa. "Eu faço uma dobradura de papel na frente de quem nunca fez e ele não vai conseguir fazer igual. Transferência de tecnologia não é assim, desse jeito. Ninguém dá isso de mão beijada", afirma ele.

Fazendo coro ao presidente da Visiona, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Leonel Perondi também falou sobre a importância para a indústria nacional de haver uma continuidade de projetos. "Nós temos hoje, então, um conjunto de 15 a 20 empresas que estão praticamente sem contrato e nós corremos o risco de perder a capacitação que nós tivemos ao longo da história recente. Então, acho que teria que haver uma articulação maior entre os programas de maneira a manter um volume de contratos mínimo na base industrial brasileira, sob pena de ela se desarticular novamente, como já ocorreu no passado", afirma ele.

Para ele é preciso usar o Programa Espacial Brasileiro para alavancar iniciativas de capacitação nacional na área. A indústria brasileira, inclusive, já estaria preparada para fornecer parte dos sistemas para o SGDC. "Poderia haver contribuições na parte da plataforma, a parte de estrutura. O Brasil domina essa parte de estrutura muito bem. Poderia ser uma área de qualificação. Temos a área de suprimento de energias que também talvez empresas brasileiras pudessem suprir parte dos sistemas", afirma ele.

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