Desktop: venda de rede pode financiar M&A e fusões são caminho natural

Foto: Pixabay

Avaliando segregação de rede e clientes e buscando compradores para sua infraestrutura de fibra, a Desktop espera usar parte dos recursos da eventual operação em próximos movimentos de consolidação – além de ver a fusão entre provedores regionais como caminho natural para o segmento.

As informações foram compartilhadas pela empresa durante um non-deal roadshow organizado pelo BTG Pactual junto ao comando da Desktop, que indicou na última semana estar avaliando opções estratégicas como a segregação de redes. A perspectiva é que, dada a complexidade da divisão e da venda da rede, um negócio em torno do ativo tome tempo e não seja fechado no curto prazo.

Ainda assim, a empresa já vislumbra possíveis aplicações para os recursos, passando pela consolidação de provedores regionais e também a distribuição de dividendos. No primeiro caso, a avaliação da Desktop seria de que a fusão com outros grandes ISPs como "caminho natural do mercado", sendo que alguns candidatos já estariam em vista, relata o relatório do BTG Pactual.

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O banco especula as operadoras Unifique, Ligga e Algar Telecom como alternativas de ISPs que fariam sentido para a Desktop, baseado na atuação em regiões adjacentes ao estado onde a provedora atua. A consolidação de ISPs com mais de 100 mil usuários em São Paulo – existem hoje cinco players com o perfil – também é possibilidade forte.

Com ambas as frentes, a operadora da cidade de Sumaré (SP) poderia chegar à marca de 2 milhões de clientes (hoje a Desktop está perto de alcançar 1 milhão). Uma das questões em aberto, contudo, é como a possível venda da rede de fibra pode impactar os planos de consolidação.

"Se uma transação desse tipo ocorrer, o Desktop restante se tornaria uma ClientCo, similar ao que a Oi é hoje. Aquisições potenciais após isso poderiam ter modelos diferentes, com a empresa adquirindo clientes de outras ISPs juntamente com a rede (essencialmente retendo apenas os clientes enquanto a rede neutra ficaria com a infraestrutura) ou adquirindo operações na totalidade e operando uma ClientCo ao lado da rede com os clientes adquiridos".

No momento, empresas de redes neutras são colocadas como principais interessadas em potencial na rede da Desktop, que poderia ser vendida total ou parcialmente (esta última alternativa não foi abordada no relatório que TELETIME teve acesso). V.tal (que tem o próprio BTG Pactual como controlador), FiBrasil (onde a Vivo é sócia) e I-Systems (ligada à TIM e apoiada pela IHS) surgem como virtuais candidatas.

Dividendos

A possibilidade de distribuição de dividendos a acionistas foi outra possível destinação de recursos sinalizada pela Desktop, que poderia dividir o montante entre este fim e a consolidação.

Baseado em estimativa própria de R$ 2,6 bilhões como preço da rede de fibra da empresa, o BTG calculou qual seria o impacto na distribuição de dividendos, a depender da fatia a ser reservada. "Se a Desktop decide alocar 70% em novas aquisições e redução de dívida e distribuir 30% do montante, isso levaria a dividend yield extraordinário de 43%", afirmou o relatório. Com 10% alocados, o yield ficaria em 14%.

Operacional

No momento a Desktop vive momento de retração de adições líquidas e desafio representado pela evasão de clientes (churn) na banda larga. A empresa espera melhora em ambas as frentes neste segundo semestre, ainda que a competição por parte de provedores regionais menores gere pressão. Outra novidade é que a empresa está estruturando uma nova divisão B2B, hoje pouco relevante no negócio da companhia.

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