André Barbosa, assessor da Casa Civil responsável pelo projeto de Lei de Comunicação Eletrônica em gestação no Executivo, foi enfático ao afirmar que todos os contratos serão mantidos e que a radiodifusão será respeitada na elaboração da nova lei. Ele disse que havia um discurso que afirmava que eles (governo) enxergavam a radiodifusão como um grupo mantenedor de poder e que exacerbava o uso deste poder, o que, segundo ele, é absurdo. "Os radiodifusores há 83 anos (contando o rádio) vêm produzino e mantendo a cultura nacional. Em qualquer discussão, daremos toda a atenção à manutenção destes empresários", afirmou durante sua apresentação no último painel desta terça-feira, 31, no Fórum Brasil de Programação e Produção, que acontece até esta quarta, dia 1º/6, em São Paulo.
Inexorável
Também presente ao painel, o diretor da Ancine Manoel Rangel disse que as preocupações da televisão são legítimas face às mudanças tecnológicas, mas que os debates devem ser de interesse de toda a sociedade, que deve decidir como o Brasil deve lidar com a questão da convergência. "O progresso é inexorável", afirmou. "Temos que decidir se vamos esperar o fato consumado ou se vamos agir antes que ele aconteça", completou.
Globo dentro
O representante da Globo no debate, o vice-presidente de relações intitucionais, Evandro Guimarães, lembrou que a radiodifusão sofre uma enxurrada de "mais de 200" projetos em tramitação no Congresso, e que é natural que as empresas trabalhem para reduzir seu nível de incertezas. Ele diz que ainda não tem havido diálogo produtivo com o governo em relação ao projeto de uma legislação de comunicação, mas elogiou a proposta de um fórum com a participação de todos os interessados para discutir a proposta. Questionado sobre a disposição da Globo em participar de um "pacto", em que cada agente do setor estivesse disposto a abrir mão de alguma coisa em nome de uma política que beneficiasse todo o setor, Guimarães disse ser difícil responder sem saber do que teria que abrir mão. "Se for abrir mão do nosso modelo, de poder oferecer um serviço gratuito, para toda a população, como é a radiodifusão hoje, a resposta é não", afirmou.
Para Evandro Guimarães, hoje não há "troca de calor" suficiente para uma lei de comunicação e talvez um bom caminho para que isso aconteça seja começar a discutir e valorizar os pontos positivos da televisão.
Teles
"O modelo do broadcast tem que ser revisto, bem como o das telecomunicações, pois ambos enfrentam grandes desafios tecnológicos que se sobrepõem à vontade das empresas", afirmou no mesmo painel André Bianchi, diretor de desenvolvimento de negócios da Telemar.
Ele afirmou que a intenção da tele (e que foi foco de grandes preocupaçoes das televisões nos debates ao longo do dia) não é produzir conteúdo, mas distribuí-lo. "Não vamos competir com a Globo, não é nosso business. Aliás, adoraria ter a Globo como parceira", afirmou. Segundo ele, a entrada das teles no mercado de vídeo poderia acabar com a estagnação da TV por assinatura. "Produtores e distribuidores juntos têm potencial para uma parceria em que todos ganham", completou.