Comissão de Juristas de Inteligência Artificial aprova regimento e plano de trabalho

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A Comissão de Juristas responsável por elaborar uma proposta de marco legal de uso de Inteligência Artificial no Brasil realizou nesta quarta-feira, 30, sua primeira reunião. Na ocasião, foram aprovados o regimento interno e o plano de trabalho do colegiado. Estão previstas quatro audiências públicas e um seminário internacional para ouvir especialistas sobre o assunto.

A relatora da comissão, a advogada e professora da Universidade de Brasília (UnB) Laura Schertel, apresentou o plano de trabalho que norteará as ações da comissão. Na ocasião, Schertel destacou que a criação da comissão é uma iniciativa valiosa, pois será no colegiado que se discutirá uma proposta de princípios e parâmetros para o uso de inteligência artificial no Brasil.

O plano de trabalho aprovado prevê que a Comissão de Juristas realizará suas atividades em três etapas. A primeira, foi a de instalação da própria comissão e ativação dos instrumentos públicos de participação, como forma proporcionar o diálogo com a sociedade e obter contribuições técnicas e multidisciplinares.

Notícias relacionadas

A segunda fase será a de reuniões ordinárias e a realização de um seminário internacional, para ouvir especialistas para colher subsídios para a regulação da Inteligência Artificial no Brasil. A terceira e última fase será dedicada à redação e consolidação das contribuições para elaboração da minuta de substitutivo aos projetos de lei que estão sob análise da Comissão.

Eixos temáticos

A proposta de plano de trabalho aprovada prevê ainda que os debates na Comissão serão divididos por eixos temáticos. Ao todo são quatro:

  • Conceitos, compreensão e classificação de inteligência artificial;
  • Impactos da inteligência artificial;
  • Direitos e deveres; e
  • Accountability, governança e fiscalização.

Foco no lado humano

O presidente da Comissão de Juristas, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Ricardo Villas Bôas Cueva, acredita que a proposta de marco legal de uso de Inteligência Artificial deve seguir princípios focados nas garantias dos direitos do ser humano. "A ideia é que haja uma convergência sobre os valores formais que deve guiar o uso da inteligência artificial. Então a regulação deve ter preocupação com valores e princípios éticos que vão garantir direitos no uso das novas tecnologias que nem conhecemos", explicou Cueva ao TELETIME.

"Nós vamos ter como base o trabalho iniciado na Câmara. Vamos dar continuidade nesse debate, procurando entender o que é relevante hoje no Brasil para aprovar um bom texto", prosseguiu o presidente da Comissão.

Sobre um possível bloqueio a uso de IA em algum serviço, Ricardo Cueva acredita que o Brasil ainda não chegou ao estágio de pensar nessa questão. "Mesmo na Europa, que tem uma abordagem – ainda não aprovada e que está em debate – de gestão de riscos de uso de IA, que visa afastar o uso dessa tecnologia em algumas aplicações, há controvérsia sobre isso. Aqui no Brasil ainda não chegamos estágio. Há riscos de regular demais, e também de não ter regulação. Precisamos balancear esse entendimento", finalizou Cueva.

Mais participação

Ao todo, a comissão realizará quatro audiências públicas, todas com representação multissetorial. Duas serão em abril e as outras duas serão em maio. "Com isso, espera-se colher visões plurais do setor público, academia, indústria e terceiro setor de diferentes regiões do Brasil com palestrantes de múltiplas identidades raciais e de gênero", diz a comissão. A comissão também receberá propostas por escrito, convidando especialistas, entidades e órgãos públicos a se manifestarem acerca dos eixos temáticos previstos no plano de trabalho.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!