O Opportunity começou a mostrar algumas armas que deve usar para tentar se sustentar por mais algum tempo no controle das empresas de telecomunicações. Nesta quarta, 30, a Brasil Telecom S/A conseguiu liminar contra todos os demais níveis acima de sua cadeia de societária impedindo que a troca de gestão no CVC/Opportunity Equity Partners LP acarrete mudanças no controle da operadora. O Opportunity argumentou que sua presença como gestor era parte da cadeia de controle e que, portanto, tal mudança exige aprovação prévia da agência. O juiz substituto da 18ª Vara Cível de Brasília Marcelo Tadeu de Assunção Sobrinho acatou essa tese integralmente.
O processo ainda está em análise pela Anatel e não existe previsão para ser oficializada uma decisão, pelo menos até a semana que vem. Segundo fontes da agência, não há decisão tomada, mas é pouco provável que a alteração de gestor enfrente maiores problemas na agência. O que o Opportunity aparentemente quer é ganhar tempo para impedir que o Citibank e os fundos de pensão brasileiros assumam o controle das empresas e iniciem o processo de verificação da administração de Daniel Dantas e sua equipe.
Segundo o despacho do juiz, a Brasil Telecom argumenta que ?foi informada por um comunicado do sócio International Equity Investments Inc. (Citibank) de sua decisão de destituir o CVC LTD (Opportunity) como sócio geral e de indicar para substituí-lo, uma nova sociedade constituída no exterior? e pede ?suspensão dos efeitos, no Brasil, no âmbito da cadeia societária da Brasil Telecom, da substituição do CVC LT (Opportunity) por CVC Internacional Brazil (Citi) até ulterior e prévia manifestação da Anatel?.
A liminar é um problema para o Citibank por duas razões: ela é não só contrária ao CVC/Opportunity Equity Partners LP (onde estão os US$ 728 milhões do banco norte-americano), mas também contra o Opportunity Zain, Invitel, Techold, Solpart e Brasil Telecom Participações, todas empresas ainda administradas pela equipe de Daniel Dantas e que certamente não terão o menor interesse de se movimentarem contra a liminar, muito pelo contrário. Também é uma decisão em que a Anatel poderia pedir para ser parte, mas isso exigiria que a ação fosse para uma instância federal, tomando muito mais tempo. O que é certo é que a cada passo como esse dado por Dantas, aumenta a quantidade de aspectos que deverão ser usados pelo Citibank para processá-lo, no futuro, por danos. Na ação que corre em Nova York, o próprio Citibank menciona os milionários gastos com advogados feitos por Dantas em interesse próprio, mas utilizando recursos das operadoras. Essa ação seria mais um movimento desse tipo.