Aplicações de 5G, IoT e redes privativas puxarão a demanda por energia 

Sidney Nince, assessor da Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel.

Quando as aplicações de 5G, Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) e redes privativas decolarem, o consumo de energia nas empresas deve ser pressionado, assim como o tráfego de dados provenientes das redes de telecomunicações e de data centers.

Com isso, apesar dos potenciais ganhos de eficiência do ponto de vista produtivo, as empresas precisarão se preparar para equilibrar as demandas por dados e eletricidade, tendo como objetivo o cumprimento de programas de sustentabilidade.

Durante o bloco sobre energia do 5×5 Tec Summit 2022, evento organizado pelos portais Tele.Síntese, Convergência Digital, Mobile Time, TELETIME e TI Inside, nesta terça-feira, 29, Sidney Nince, assessor da Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), frisou que, diferentemente das gerações passadas de internet móvel, o 5G foi idealizado para permitir a comunicação entre máquinas e dispositivos, e não apenas a comunicação humana.

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"Além disso, a tecnologia vislumbra várias aplicações de redes privativas e de IoT, mesmo com requisitos diferentes, desde ferramentas de uso massivo até de latência muito baixa, tudo isso na mesma rede", pontuou.

Para Marina Martinelli, doutoranda em 5G pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a quinta geração de internet móvel, além de aumentar a demanda por tráfego de dados, deve elevar o consumo de energia das redes móveis, pressionando a necessidade de construção de data centers. Contudo, a produção de hardware pelos centros de dados envolve riscos ambientais.

Citando pesquisas, a acadêmica destacou que a energia consumida pelos servidores cresceu 266% desde 2017. Além disso, a previsão indica que o consumo de energia dos data centers passará de 200 TWh, em 2016, para 2.967 TWh, em 2030.

Nesse sentido, Marina sinalizou que a tecnologia 5G tem capacidade de potencializar os smart grids, espécie de redes elétricas inteligentes que, por meio das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), tornam o sistema elétrico mais eficiente, confiável e sustentável.

"Essa questão da conectividade é muito forte, é o que permite a Internet das Coisas. E eu acho que essa integração das tecnologias [de telecomunicações e energia] deve acontecer de forma ecologicamente viável, limpa e tolerável do ponto de vista ambiental, e isso leva a percepções de novas arquiteturas em 5G e gerenciamento da distribuição de energia. Sugiro fortemente arquiteturas diferenciadas, como edgehybrid e fog computing", apontou.

Mercado livre de energia

Representantes de empresas que atuam no setor de energia ressaltaram que o interesse pelo mercado livre – ambiente em que empresas podem negociar livremente as condições de contratação de eletricidade – deve ter um salto considerável a partir do momento em que, na esteira do 5G, ferramentas de medição de eficiência energética chegarem às mãos dos consumidores.

De acordo com Danilo Lima, diretor de inteligência de mercado e marketing da 2W Energia, atualmente, o mercado livre responde por 38% da eletricidade consumida no País. Contudo, apenas 0,01% dos consumidores adquirem o insumo por meio do ambiente de livre negociação, indicando que ainda está concentrado em grandes empresas.

De todo modo, a partir de janeiro de 2024, todas as empresas de alta e média tensões poderão participar do mercado livre de energia. Com isso, aproximadamente 200 mil negócios terão a possibilidade de negociar o preço da eletricidade.

Além disso, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou uma consulta pública sobre a perspectiva de abrir o mercado livre para todos os consumidores. Desse modo, em 2026, todas as unidades comerciais e industriais, independentemente da quantidade de energia consumida, poderiam acessar o balcão de negociação. Isso abriria espaço para cerca de 7 milhões de empresas.

Em seguida, em 2028, seria a vez de clientes residenciais, incluindo propriedades rurais, poderem participar – isto é, aproximadamente 80 milhões de unidades consumidoras em todo o País.

"O nosso desafio é traduzir com simplicidade e transparência o custo e o consumo para o cliente. É parecido com a situação que o setor de telecom passou anos atrás", afirmou Christian da Cunha, CEO da Energizou. "Hoje, as operadoras negociam o preço e a banda de internet. O desafio do setor de energia é tornar a aquisição de eletricidade no mercado livre viável com ações de marketing e comunicação", acrescentou.

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