O Opportunity continua resistindo agressivamente ao processo de desmonte da estrutura por ele montada nas empresas de telecomunicações sob o controle de fundos de pensão e Citibank. Nesta quarta, 29, a batalha se deu no nível da Newtel, uma das empresas da cadeia societária da Telemig e da Amazônia Celular. Em Assembléia Geral Extraordinária, seriam votadas a troca dos conselheiros e dos administradores da companhia, a exemplo do que já aconteceu nas empresas Futuretel e Opportunity Mem (níveis anteriores na estrutura da Telemig Celular). Mas Luiz Octávio da Motta Veiga, advogado e representante do Opportunity que estava presidindo a Newtel, não permitiu que o Opportunity Mem votasse, alegando que a Previ estaria impedida de assumir o controle da Telemig por uma decisão da Justiça Federal de Brasília. Aí entra o emaranhado jurídico já característico das ações do Opportunity nesta disputa societária. Motta Veiga evocou uma liminar concedida em Brasília dizendo que a Previ não poderia assumir o controle da Telemig por haver, supostamente, sobreposição de licenças com a Oi, já que a seguradora do Banco do Brasil está no controle da Telemar. A Previ, vale lembrar, é o fundo de pensão do Banco do Brasil. Os advogados do Citibank e dos fundos de pensão alegaram que essa decisão não tinha nenhuma relação com o Opportunity Mem, que é controlado pela Futuretel, onde estão majoritariamente no controle o Citi e o fundo Investidores Institucionais, do qual a Previ é apenas uma das cotistas. Motta Veiga não reconheceu o argumento, nem o voto do Opportuntiy Mem. Com isso, prevaleceu o voto do acionista Sistel, que sempre age em sintonia com o Opportunity, pela remoção dos itens em pauta. Rapidamente, os advogados do grupo de Daniel Dantas se retiraram, mas Citi e fundos fizeram outra assembléia, considerando o voto de Mem e destituindo a equipe do Opportunity do conselho e da administração.
Ficam, portanto, duas atas, e a decisão vai para a CVM, que deve receber uma representação dos acionistas controladores contra a manobra do Opportunity. Aliás, esta é mais uma das dezenas de representações que Citi e fundos têm feito na CVM contra as dificuldades criadas pelo grupo de Daniel Dantas na troca de controle das empresas que eram por ele administradas. Até agora, a CVM não tomou medidas mais enérgicas. Em recente entrevista a este noticiário, seu presidente, Marcelo Trindade, diz que as denúncias precisam ser apuradas com calma, mesmo que isso tome tempo e os conflitos estejam resolvidos, porque as decisões da autarquia são também normatizadoras do mercado.
Fundos e Citibank têm indícios que as administrações das empresas, sob orientação do Opportunity, estejam agindo de forma a camuflar atos das gestões antes de o controle passar efetivamente para os acionistas controladores. Daqui para frente, os acionistas da Telemig e da Amazônia Celular, e também da Brasil Telecom, onde a estratégia do Opportunity é a mesma, devem começar a coibir, com ações na justiça, a ação dos próprios administradores enquanto pessoas físicas, a fim de evitar prejuízos maiores.
Conflito entre sócios