Mike Fries, presidente da Liberty Global, uma das maiores operadoras de cabo do mundo, tem uma visão bastante enfática sobre o estrago que os serviços OTT e online vídeo têm sobre os serviços tradicionais. Para ele, os impactos dessa nova realidade já são gigantescos, apesar de os números de assinantes e receitas ainda serem pequenos em relação ao mercado de TV paga tradicional. "Por conta do online video estamos investindo mais em rede, estamos mudando os nossos contratos de programação, mudamos a nossa relação com os reguladores, o debate de net neutrality é todo baseado nisso.
A inovação que (os serviços OTT) eles trouxeram já impactou e expôs uma falha. Temos um problema funcional. Temos bom conteúdo, tenho bom serviço, mas eles são mais simples, mais legais e mais acessíveis. Estamos tentando alcançar o que eles oferecem, o que é uma experiência melhor de usuário", diz Fries.
Para o presidente da Liberty Global, o terreno não está perdido. "Não inventamos o DVR, mas hoje todo operador tem isso. Não fomos os primeiros, mas conseguimos. Temos que trabalhar no RDK de nossas caixas, temos que trabalhar na experiência do usuário, e trabalhando juntos podemos conseguir qualquer coisa", disse Fries, otimista, referindo-se ao esforço de operadores como a Liberty, a Comcast e a Time Warner Cable de desenvolver um ambiente para set-tops que permita o mesmo tipo de inovação de serviços OTT. Esse ambiente é chamado de Reference Design Kit (RDK) e há dois anos é considerado o grande esforço inovador das operadoras de cabo.
A Liberty Global, em sua operadora no Reino Unido (Virgin Media) já distribui o aplicativo do Netflix em suas caixas e integra o conteúdo do provedor OTT ao seu guia de programação. "Acho que não adianta lutar contra. É preciso oferecer isso aos usuários".
Rob Marcus, CEO da Time Warner Cable, exalta o aumento de demanda por banda larga que tem sido proporcionado pelo provedores OTT. Já a presidente da programadora A+E Networks, Nancy Dubuc, reconheceu as oportunidades dos modelos OTT mas criticou o fato de que, para os programadores, há poucas informações ainda sobre os hábitos de audiência e resultados da entrega de conteúdos por banda larga. "Apenas os provedores têm esses dados, nós não", disse ela, em tom de queixa.