A Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra) voltou a criticar de maneira dura a cautelar da Anatel que bloqueia ligações de telemarketing. A presidente da entidade, Vivien Suruagy, afirmou em comunicado nesta sexta-feira, 28, que a prorrogação da medida "deve aprofundar crise no teleatendimento", prejudicando empresas que atendem de forma idônea e levando a um cenário de demissões.
"Acredito que neste período de um mês deva ser discutida uma solução que contemple o direito dos consumidores, mas que não cause o fechamento de empresas. O que não pode é tentar resolver um problema e criar outro pior", destacou Suruagy. A executiva diz não ser contrária a medidas disciplinares, mas ressalta que elas não podem afetar as empresas que agem corretamente.
Para a Feninfra, o uso "constante" das medidas administrativas de cautelar têm o "real objetivo de criar normas regulatórias para o setor". A presidente da entidade afirma que, nessa condição de normas regulatórias, a implantação deveria ser precedida de análise de impacto regulatório (AIR), "sob pena de se gerar obrigações desproporcionais, como vêm acontecendo".
O argumento de que as medidas estariam provocando demissões é baseado em dados divulgados pela própria Feninfra com base no Cadastro Geral de Empregos (Caged). Segundo a entidade, desde março, quando as primeiras medidas (implantação do código 0303) foram anunciadas, até junho deste ano, o saldo negativo de postos de trabalho nas empresas de teleatendimento foi de 16.150 vagas.
Especificamente sobre o último despacho decisório da Anatel (250/2022), no qual a agência prorroga o efeito suspensivo da cautelar, Vivien Suruagy disse ser "desastrosa" a consequência para a empregabilidade no setor. "Esta decisão cria obstáculos para a oferta de novos serviços para os próprios clientes dos tomadores, além de, na prática, inviabilizar a cobrança dos inadimplentes", afirmou, ressaltando o cenário de desemprego no País.
Se as empresas de telemarketing não tivessem abusado, não seria necessário criar essa restrição. Mas como 'pagaram para ver', agora aguente as consequências.
Será que essas empresas têm conhecimento de quão irritante é receber várias vezes ao dia ligações?