Tele da Guiana Francesa pretende construir backbone óptico no Norte do Brasil

Uma iniciativa externa, vinda da Guiana Francesa, pode significar parte da solução de um velho problema brasileiro: a falta de redes de transmissão cabeadas ao longo da região Norte do país. A Guyacom (operadora da Guiana Francesa) revelou com exclusividade para o Teletime News que, com o intuito de integrar aquele país ao Brasil, pretende investir 2 milhões de euros (R$ 5 milhões) em um backbone óptico de 350 quilômetros que interligará Caiena, capital do país vizinho, ao Amapá. O aporte foi captado junto ao governo francês, União Europeia e Guiana Francesa e o link, de 3 Gbps, seria construído 50% por via subterrânea (em território da Guiana) e 50% via OPGW, ou seja, via torres de energia elétrica aéreas. "A parceria com as operadoras fixas e móveis, além da Eletronorte e Telebrás, seria fundamental para a ampliação desse backbone", explica Filip Van Den Bossche, executivo da Guyacom, operadora da Guiana Francesa que pretende construir a rede.
A segunda fase do projeto prevê um aumento da capacidade do link óptico, para até 1 Tbps, e a ampliação da malha para outras regiões do Norte do Brasil, como Ilha de Marajó, Belém e Amazonas. O projeto também prevê a integração do novo link com os backbones marítimos internacionais que passam pelo Oceano Atlântico.
Segundo Bossche, uma ligação telefônica de São Jorge do Oiapoque, na Guiana, com Oiapoque, no Brasil (cidades que estabelecem a fronteira entre os dois países) vai até Paris, na França, passa por São Paulo para depois subir até o destino Oiapoque. "Isso causa uma má qualidade da ligação, além de grande delay", lembra Didier Dabin, conselheiro da Embaixa da França no Brasil.

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Obstáculos
De acordo com o executivo da Guyacom, o projeto Spany, como foi batizado, é do final de 2008 e ainda não saiu do papel por questões burocráticas, legais e regulatórias. "Tivemos de apresentar o projeto para a Anatel, Telebrás, além de Funai e Incra, por causa das questões ambientais e territoriais, e cada instituição tem o seu cronograma, seu tempo de resposta", diz.
Christine Chung, da Guyacom, acredita que a eleição de Dilma Roussef à presidência da República poderia ser positiva para a agenda do projeto, pelo fato do atual governo ter se mostrado favorável ao plano. Mas acredita que ele acontecerá de qualquer forma. "Todos ganham, o Brasil, a Guiana e cerca de 1,5 milhão de pessoas beneficiadas diretamente na primeira fase", acrescenta.
De acordo com a empresa, as pequenas operadoras de serviço de comunicação multimídia (SCM) também ganhariam, pois poderiam comprar links para redistribuírem e negociarem na região. "Nossa intenção é atuar no atacado, tendo as operadoras de todos os portes como clientes", explica.
A estimativa da Guyacom é que, após a aprovação do projeto por todas as instâncias envolvidas, a construção da primeira fase do backbone óptico não leve mais do que cinco meses. Além do governo francês, o projeto conta também com recursos da União Européia, da Guyacom e da Guiana Francesa.
Vale lembrar que o cabeamento do Norte do país é um dos grandes desafios da Oi, que assumiu essa contrapartida com a Anatel em troca da anuência prévia para a fusão com a Brasil Telecom. A Oi já tem uma rede de fibra ligando Boa Vista à Venezuela e pretende interligar Manaus em breve. Segundo a empresa, falta apenas um pequeno pedaço da rede que será feito pela Eletronorte.

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