As prestadoras de telecomunicações devem se preparar para se reposicionarem no mercado também como techcos – ou seja, como companhias de tecnologia. Essa é a avaliação da consultoria KPMG.
De acordo um relatório divulgado pela pela empresa, o modelo de negócio tradicional das teles está sendo cada vez mais pressionado – em especial pelo aumento acirrado da concorrência e maiores necessidades de investimentos.
Em resposta a isso, "muitas das principais empresas de telecomunicações do mundo estão empenhando-se para se reposicionar como techcos", segundo a KPMG. A nomenclatura, de acordo com os autores, diz respeito às teles que "priorizam a inovação, focam na experiência do cliente e participam da transformação digital contínua".
O futuro dessas companhias de telecomunicações envolveria, então, a entrada em novos modelos de negócio. Alguns exemplos seriam a entrada nos mercados de redes de arquitetura baseada em nuvem; no de interfaces de aplicações (APIs); e a oferta de serviços de capacidade dinâmica sob demanda.
Além disso, a KPMG reforçou a necessidade da criação de carteira de serviços digitais – medida que vem sendo cada vez mais adotada por grandes operadoras e pequenos provedores.
"As oportunidades são significativas e o Open Gateway, que transforma redes de telecomunicações em plataformas prontas para desenvolvedores, associado com inteligência artificial generativa, computação de borda, realidade aumentada e gêmeos digitais, pode viabilizar essa transformação. A expectativa também é que a jornada das telcos para as techcos habilite novas formas de monetização e expanda as fronteiras desse mercado", afirma sócio-líder de tecnologia, mídia e teletcomunicações da KPMG no Brasil e na América do Sul, Marcio Kanamaru.
De acordo com a consultoria, as empresas de telecomunicações também precisam se conectar melhor com ecossistemas, outras empresas e partes interessadas para alcançar as mudanças necessárias. Nesse sentido, o relatório aponta que as teles devem tomar postura flexível e robusta, adotando uma abordagem de transformação digital focada no cliente que integra funções de atendimento, operações e suporte.
Investimentos
A avaliação da KPMG, contudo, é de que as empresas de telecomunicações atuais enfrentam um caminho desafiador. O relatório aborda outra questão discutida pelo mercado: como monetizar redes 5G. A publicação destaca a dificuldade de empresas em todo mundo para lidar com os altos gastos de capital necessários à expansão da quinta geração de redes móveis, bem como da fibra óptica.
"Como as receitas estagnadas, o crescimento futuro da conectividade incerto e as margens em queda, está cada vez mais difícil para as empresas de telecomunicações atenderem a esses enormes requisitos de investimento", aponta o material, ao refletir sobre o momento global da cadeia.
Os autores sugerem que a adoção por parte do cliente de novas tecnologias de rede pode impulsionar algum crescimento lá na frente. Até lá, a KPMG prevê que as teles busquem por outras fontes graduais de receita. Vale lembrar que algumas operadoras já miram no mercado de APIs para solucionar esse problema.
Desafios e oportunidades
De acordo com a publicação, a jornada do 5G até agora na indústria sugere que o setor já reconheceu a urgência pela transformação. No entanto, segundo o relatório, esse percurso demanda investimentos em habilidades técnicas para prestação de serviços e novas competências de comercialização. As empresas de telecomunicações precisariam, então, ampliar a oferta de serviços.
Os principais desafios a serem superados, segundo a KPMG englobam:
- aprimorar a experiência do usuário e adotar modelos de gerenciamento centrados no cliente;
- implementar recursos de autoatendimento omnichannel em tempo real;
- excelência em marketing digital;
- utilização da IA para automatizar processos internos e de atendimento ao cliente;
- e estar em conformidade com requisitos regulatórios, de segurança e privacidade.