Um estudo conduzido pelo pesquisador Raul Katz da Telecom Advisory Services e financiado pelo Escritório de Desenvolvimento Estrangeiro do Governo do Reino Unido simulou os diferentes cenários de divisão da faixa de 6 GHz para o Brasil e aponta quais seriam os modelos com maior ganho econômico.
O estudo analisa a cadeia digital gerada pelo uso da banda larga nos diferentes cenários, considerando tanto o uso não licenciado da faixa, para o WiFi, por exemplo, e o uso alocado para o IMT (6G), além de modelos de uso combinado, tanto indoor quanto outdoor. O resumo do estudo, apresentado durante o evento Abrint 2024, está disponível para download aqui.
Segundo os cálculos de Katz, o modelo que geraria os maiores benefícios econômicos para o Brasil nos próximos 10 anos seria a alocação plena da faixa de 6 GHz para o Wi-Fi, com um resultado de US$ 689 bilhões até 2034 em ganhos econômicos. Em segundo lugar seria o uso em que a faixa de espectro fica totalmente destinada ao Wi-Fi para uso indoor e dividida, com 500 MHz para o Wi-Fi, no uso outdoor. Nesse caso, o ganho econômico é da ordem de US$ 600 bilhões até 2034. Nesse caso, haveria ainda US$ 7 bilhões de potenciais ganhos com a arrecadação em leilão.
Já o pior resultado econômico, na avaliação de Raul Katz, seria a divisão completa da faixa em 700 MHz para o IMT e 500 MHz para o Wi-Fi. Aqui, a estimativa da consultoria é de um ganho econômico em 10 anos de US$ 435 bilhões, com mais US$ 12 bilhões de potencial benefícios com os leilões de espectro.
Entre as variáveis que podem gerar ganhos econômicos estão o aumento das velocidades de acesso, o potencial de alavancagem do mercado de soluções de Realidade Virtual e Realidade Aumentada (VR e AR), o desenvolvimento de redes abertas de acesso à Internet, o potencial de alavancagem do mercado de IOT entre outros. Foram ao todo 10 variáveis ponderadas. No caso da alocação plena da faixa de 6 GHz para uso não-licenciado, o maior ganho financeiro, segundo as estimativas apresentadas, seria justamente no desenvolvimento do mercado de VR e AR, o que contribuiria com mais de US$ 186 bilhões nos ganhos econômicos do uso da faixa.
Para Katz, os números indicam que a Anatel não deveria rever a sua posição de uma alocação integral da faixa para o Wi-Fi.