Se a presença da Starlink no mercado de satélites já causa impactos sísmicos na indústria, o projeto Kuiper – a constelação de baixa órbita (LEO) da Amazon – está delineando planos ainda mais ambiciosos no mercado de banda larga satelital, inclusive na América Latina. Uma das razões é contemplar também o ambiente corporativo.
Nesta quarta-feira, 27, o líder de estratégia do projeto Kuiper na região, Bruno Soares Henriques, participou do Congresso Latinoamericano de Satélites, promovido pela Glasberg Comunicações e TELETIME no Rio de Janeiro. Na ocasião, o executivo apontou que os dois protótipos iniciais da constelação devem ser lançados "muito provavelmente na semana que vem".
O movimento será amplificado em 2024, a partir de uma série de lançamentos já contratados e do lançamento de serviços em versão beta. "Assim que tivermos algumas centenas de satélites, o serviço poderá ser lançado em algumas latitudes. Até 2026 o nosso prazo com a FCC [a agência de comunicações dos Estados Unidos] é ter pelo menos 50% da frota lançada", pontuou Henriques. Mais de 3 mil satélites LEO fazem parte do projeto de constelação da Amazon.
A empresa, contudo, teria alguns diferenciais em relação à estratégia adotada pela Starlink hoje. Um dos aspectos seria justamente uma estrutura local. "Vamos precisar ter presença em todos países que quisermos atuar. Não vamos prestar serviços sem suporte ao cliente, então estamos prevendo estrutura local e já temos isso nos principais países da América Latina", afirmou o líder de estratégia da Kuiper na região – citando Brasil, Argentina, Colômbia e Chile. Ele ressaltou que nesse momento a Kuiper busca parcerias locais de todos os tipos.
Outro ponto que pode ser diferencial é a busca de "todas as sinergias possíveis" com outros negócios da Amazon, como a AWS, de infraestrutura de nuvem. "A vantagem no nosso caso é ter o serviço 100% integrado com backbone da AWS, então vamos poder entregar serviços de acordo com necessidades de clientes empresariais". A empresa também promete "preços acessíveis" no mercado de banda larga via satélite.
Como já apontado por TELETIME, a Amazon projeta velocidades de até 1 Gbps para assinantes corporativos. Já no mercado consumidor da América Latina a Kuiper deve começar com terminais capazes de entregar 100 Mbps, sendo que outra versão de terminal para 400 Mbps também foi projetada.
Os equipamentos utilizam chipsets desenvolvidos pela própria Amazon, que também conta com planta em atividade para fabricação dos satélites, relata o representante. "A meta na fábrica são quatro satélites por dia, em uma linha de produção que parece mais com setor automotivo do que indústria de satélites", ilustrou Henriques.
Por último, a Kuiper também estaria "open for business" no mercado latino-americano, vislumbrando possibilidades de parcerias com empresas locais. Isso valeria não apenas para operadoras de telecom, mas também outras empresas de infraestrutura.