Uma das estrelas da Satellite 2023 é o projeto Kuiper, da Amazon, que teve alguns detalhes importantes anunciados no evento, esta semana, em Washington. Trata-se do projeto de banda larga residencial via satélite da Amazon que começa a entrar em operação no próximo ano (ainda em beta) e pretende ser uma alternativa mais acessível de banda larga do que os demais modelos baseados em redes de satélite, como Starlink, Viasat e Hughes.
Dave Limp, CEO da Amazon Kuiper, explicou em sua participação especial na Satellite 2023 que a abordagem da empresa é no sentido de reduzir significativamente os custos de terminais e operação. "Nossa empresa (Amazon) tem uma capacidade de atendimento ao cliente, de fabricação de equipamentos de consumo e de operação de serviços em nuvem que outras empresas não têm, e isso vai ajudar a reduzir significativamente o custo ao consumidor", explicou, citando a atuação da Amazon como o maior varejista online, a maior empresa de cloud e como fabricante de toda a linha de dispositivos da empresa, do Kindle aos terminais Alexa e Fire.
A empresa anunciou no evento três modelos de antenas planas. As mais caras estão com custo em torno de US$ 400 e permitem conexão de até 400 Mbps na versão mais avançada para uso residencial, ou 1 Gbps na versão para uso empresarial. Mas há um modelo mais barato, de 16 centímetros quadrados, que permite velocidades de 100 Mbps.
Além disso, toda a tecnologia é baseada em um processador próprio, batizado de Prometheus, que permite a inclusão de várias funções necessárias à operação via satélite, e a julgar pelas declarações de Limp, podem haver algumas inovações importantes. Ele mencionou a capacidade do sistema de criar uma conexão de backhaul ponto-a-ponto e de funcionar como uma base station 5G, possivelmente pensando no mercado de operadoras de telecomunicações.
O serviço Kuiper funcionará em banda Ka com capacidade simétrica de upload e download, o que requer grandes satélites em órbita. Serão cerca de 3 mil satélites ao todo, com capacidade de cerca de 1 Tbps cada.
Em termos de cronograma, explicou Limp, a ideia é lançar os primeiros satélites no final deste ano para que em 2024 seja possível iniciar operações em beta, e o alvo é estar plenamente operacional em 2026. Até aqui, a Kuiper já reservou 77 voos de lançamento, utilizando não só o lançador New Glenn, da própria Amazon (BlueOrigin) quanto os foguetes Vulcan e Ariane.
Dave Limp mencionou o esforço da Amazon para conseguir as autorizações necessárias de operação em todos os países e ressaltou casos em que a empresa pretende atuar, como o do Brasil (onde ela está licenciada), em que há cerca de 10 mil escolas sem conexão, segundo o executivo.