Um dos principais desafios das operadoras de telecomunicações tem sido encontrar uma forma de remunerar e compensar os investimentos no 5G. Este tema aparece em vários momentos durante os painéis e debates do MWC 2024, que acontece em Barcelona esta semana.
No segundo dia do evento, houve discussões sobre a evolução para o 5G Advanced (ou 5.5 G) e para o 6G, mas em ambos os casos as preocupações das empresas estavam muito mais na questão da rentabilização dos investimentos atuais no 5G, ainda longe do retorno desejado, do que nas promessas de uma nova geração tecnológica.
Para Paolo Murri, VP de desenvolvimento de negócios do Grupo TIM, "ainda estamos lutando com o 5G". Segundo ele, quando se prometia um futuro cheio de possibilidades para o 5G havia muita expectativa, um hype, "e não fizemos as contas". O executivo da gigante italiana (dona da TIM) aponta que a demanda foi superestimada e que as empresas de telecomunicações acharam que tudo seria muito mais rápido.
"Então, estamos atrasados, não necessariamente por uma realidade frustrada, mas por um excesso de expectativa". Ele diz que a indústria tem um desafio de acesso a capital a um custo que justifique o investimento em redes. "O retorno de capital do setor é de 5,2%, para um custo de 8%. A conta não fecha" . Segundo Murri, é preciso esperar que um processo de consolidação mude essa relação. " Temos que ter uma condição melhor".
Para Bill Chang, CEO da Digital Infraco, da Sigtel, de Singapura, "o 5G está muito atrás em termos de retorno" . Ele diz que o padrão "vai ser a última geração se não quebrarmos esse modelo de negócios de (venda de) conectividade" .
A aposta das operadoras, segundo Chang, precisa ser no modelo do mercado de atacado, com redes privativas e redes direcionadas para aplicações. "Esse é o caminho que decidimos seguir", diz.
