Satélite GEO não atende requisitos cogitados no Gesac, afirma Telebras

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A consulta pública do Ministério das Comunicações (MCom) sobre condições para nova licitação do Gesac traz requisitos técnicos que não poderão ser atendidos por satélites geoestacionários, entende a Telebras – que é a atual prestadora do serviço a partir de um artefato do gênero (o SGDC, de propriedade estatal).

A avaliação foi realizada durante o primeiro dia do Congresso Latinoamericano de Satélites, promovido pela Glasberg Comunicações e TELETIME nesta terça-feira, 26, no Rio de Janeiro. "O GEO não tem condições de atender o que está sendo colocado, mas ainda é uma consulta, que ainda está aguardando contribuições", apontou o gerente de tecnologia e soluções satelitais da Telebras, Heliomar Medeiros de Lima.

Ele se refere aos valores submetidos ao escrutínio público na semana passada, e que incluem velocidades de até 60 Mbps para os novos acessos do Gesac. Hoje, a Telebras tem obrigação de atender o programa do governo com velocidades de 10 Mbps em geral e 20 Mbps em alguns casos.

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A demanda por maiores velocidades tem a ver com o conceito de conectividade significativa que tem norteado políticas públicas, e que prevê serviço suficiente para usos como o pedagógico. Para a Telebras, tal referência ainda precisa ser refinada. "A tecnologia não precisa ser estado da arte para ser eficaz", colocou Lima – afirmando que a demanda por velocidades "adequadas para grandes centros" podem ser problemáticas no interior, seja na questão técnica ou de custos.

Diretora jurídica da Viasat, Claudia Domingues também pediu atenção com a forma como a conectividade significativa será mensurada "em um País tão abrangente como o Brasil". Além de apontar que parâmetros não devem ser idênticos em todas as regiões, a executiva postulou a necessidade de diagnóstico e capacitação das necessidades de usuários no caso de escolas, inclusive para verificar se há demanda por velocidades mais altas.

Domingues ainda defendeu que ninguém conheceria as escolas brasileiras atendidas pelo Gesac tão bem como a Telebras, inclusive do ponto de vista de dificuldades logísticas em regiões afastadas. Vale lembrar que a Viasat é parceira da estatal na exploração comercial do SGDC. Ela apontou que em muitos casos as prioridades da população podem ser muito mais relacionados a necessidade de dispositivos, capacitação e conteúdos do que puramente a velocidade de acesso.

O VP de desenvolvimento de negócios da SES, Fábio Alencar, reforçou o coro por cuidado com a aplicação do conceito de conectividade significativa com os critérios para contratações públicas de tecnologias. "É um tema difícil e sensível, mas é caso onde o ótimo pode ser inimigo do bom. Temos que tomar cuidado, porque é melhor ter mais gente incluída com conectividade um pouco mais reduzida do que tentar deixar todo mundo com uma 'Ferrari'".

Ainda para Alencar, nos termos colocados em consulta pública, a solução cogitada na nova licitação do Gesac, nos parâmetros atuais, também não atenderia as possibilidades orçamentárias do governo federal.

SGDC 2

Heliomar revelou que a Telebras já trabalha em estudos sobre uma evolução do SGDC, e muitas possibilidades estão na mesa. Na verdade, o próprio projeto do SGDC está sendo chamado agora de SSDC (Sistema Satelital de Defesa e Comunicação), porque não se descarta a combinação de satélites em diferentes órbitas, inclusive LEO; contratação de capacidade de terceiros; uso de satélites micro-GEO, entre outras alternativas. Ou seja, tudo está em estudo.

5 COMENTÁRIOS

  1. Então quer dizer que Telebrás e governo quer deixar a gente com conexão valor de Ferrari que anda como um Fusca, do que deixar usar uma Ferrari com valor de Fusca. Brasil sempre ficando para traz com pessoas incapacitadas no poder.

  2. As empresas tradicionais de Satélite não querem admitir que o jogo virou e continuar empurrando um serviço de baixa qualidade à população de baixa renda.

  3. Pois é… O que vai mudar o jogo serão os novos concorrentes, sim eles farão os operadores se movimentar em busca do cliente que vai migrar isso é certo.

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