Prazo da Anatel pressionaria Telecom Italia a ter opções

As negociações entre fundos de pensão, Citibank e Telecom Italia estão, como havia adiantado este noticiário na semana passada, em banho-maria. Nada perto do fim de uma negociação. Segundo fontes próximas ao processo, a Telecom Italia mostra sinais pouco claros de quais sejam seus objetivos. Se por um lado recusa-se a comprar a parte dos fundos e do Citi, por outro também não aceitou fazer um preço por sua participação, conforme apurou este noticiário.
Um pouco de luz sobre a questão pode estar na decisão, oficializada nesta terça, 25, pelo presidente da Telecom Italia mundial, Marco Tronchetti Provera, sobre a contratação do banco JP Morgan para analisar os ativos da empresa e realizar a venda, informação veiculada pela Folha de São Paulo já no final de semana. Ao que tudo indica, a Telecom Italia está tentando sondar o quanto vale sua participação, porque precisa de alternativas concretas até outubro (29 de outubro, precisamente), quando vence o prazo dado pela Anatel para que a BrT e a TIM se desfaçam de sobreposições de licenças de SMP e longa distância.
As alternativas são: 1) a Telecom Italia compra a integridade da Brasil Telecom e funde a TIM com a BrT GSM (fundos e Citi não devem aceitar se desfazer apenas da operação móvel); 2) a Telecom Italia sai da Brasil Telecom e com isso desfaz o problema de sobreposição de licenças (aparentemente é essa a possibilidade que está sendo sondada com a contratação do JP Morgan); 3) a Telecom Italia vende a TIM (segundo fontes de mercado, esta hipótese, ou uma fusão com outra empresa de telefonia celular, está sendo sondada junto a outros operadores móveis e não estaria descartada).

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O problema da Telecom Italia são contratos financeiros que vencem em outubro e que estão colocando pressão sobre a gestão de Marco Tronchetti Provera, segundo fontes de mercado.

Ainda Dantas

As negociações envolvendo Citi, fundos e Telecom Italia passam ainda por um quarto personagem: o Opportunity, que tem um pequeno pedaço da Zain Participações (empresa que está no topo do bloco de controle da Brasil Telecom), mas um significativo percentual de ações diretas da BrT. Citi e Opportunity têm entre si um acordo firmado no começo do mês junto à Corte de Nova York para tentar encontrar uma mediação, pela qual o Opportunity poderia inclusive vender suas ações para o Citibank. O grupo de Daniel Dantas, obviamente, quer garantias que receberá do Citi (e dos fundos), inclusive pelas ações diretas, o mesmo que o banco norte-americano e fundos pedem pelo controle da companhia. Não há a menor chance de que isso aconteça, segundo fontes familiarizadas com as negociações, porque se for aberta esta exceção, os controladores da Brasil Telecom podem ser obrigados a dar tag-along de 100% para os minoritários da companhia e para a Telecom Italia, que agora se coloca como vendedora. Além disso, nem mesmo o Citi ou os fundos têm garantia de tag-along de 100% nas suas ações diretas da BrT em uma eventual negociação do controle, como quer Dantas.
De qualquer maneira, esta mediação entre Citi e Opportunity em Nova York não é obrigatória e pode não resultar em nada. Mas se chegarem a um entendimento, isso pode influenciar as conversas com a Telecom Italia.
Vale lembrar que esta não é a primeira vez que a Telecom Italia diz que vai vender suas ações na Brasil Telecom. O mesmo já aconteceu no segundo semestre de 2005, mas mesmo assim o grupo manteve diálogo para comprar a parte do Citi e dos fundos na operadora.

Sem informações

A Brasil Telecom foi pega de surpresa com as declarações de Provera. Em comunicado à CVM, disse não ter "qualquer participação em eventual negociação sobre a alienação das ações" e afirma ter pedido, à Telecom Italia, esclarecimentos sobre a declaração.

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