Fundos só compram ações do Citi na BrT em último caso

É cada vez mais complexo o cenário de venda das participações do Citibank e dos fundos de pensão na Brasil Telecom. Fontes próximas confirmam a existência de uma cláusula entre Citi e fundos segundo a qual o banco norte-americano, ao final de um determinado prazo, se não for encontrada outra alternativa, terá o direito de vender aos fundos de pensão sua participação na operadora (uma operação de put). O prazo, contudo, é longo: essa alternativa só poderia ser exercida em 2008. O valor está estabelecido em reais e gira agora em torno de R$ 1 bilhão para a compra da parcela do Citi na BrT. Com o dólar em torno de R$ 2,40, seria o equivalente a US$ 420 milhões. Esse montante em reais é corrigido por um indexador. Quando fundos e Citi fecharam o acordo, o valor em dólares era menor porque a moeda estava bem mais apreciada.
Esta opção foi dada ao Citibank pelos fundos brasileiros, segundo informações confiáveis, como um atrativo para que o banco norte-americano fechasse o acordo de tag along, gestão conjunta e se aliasse aos fundos de pensão na briga contra o Opportunity. Foi a alternativa que os fundos encontraram para não ficarem isolados contra Dantas, como vinha acontecendo desde 1999, quando os conflitos começaram. Segundo dirigentes de uma fundação, essa cláusula de "put" foi exaustivamente discutida nos conselhos responsáveis e, ao final, avaliou-se que era a melhor alternativa para garantir o patrimônio investido nas teles e potencializar as alternativas de saída dos investimentos em telecomunicações.
Antes de efetivar a opção de "put", contudo, Citi e fundos devem buscar outras alternativas, e é isso que está gerando confusões nesse momento.

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Disputa

A Telecom Italia é a principal compradora, mas não está disposta a pagar os US$ 420 milhões pela participação do Citi, até porque teria que pagar a mesma quantia aos fundos de pensão. Por outro lado, não faz sentido para o Citi sair da Brasil Telecom por valor menor. Além disso, a própria Telecom Italia já se comprometeu a pagar ao Opportunity US$ 470 milhões por uma participação similar à do Citi na BrT, segundo o próprio Opportunity, mas sem posição de controle, segundo o banco norte-americano. Nos US$ 470 milhões estão incluídos US$ 65 milhões por certas reclamações que o grupo de Daniel Dantas alega ter contra os italianos e também a possibilidade de efetivação, ainda nesta gestão da Brasil Telecom, do acordo de fusão entre TIM e BrT Celular, além das ações que a Telecom Italia vendeu à Techold e à Timepart em 2002 (controladoras da BrT na época controladas pelo Opportunity).
O Opportunity ainda não conseguiu entregar o que prometeu, pelo menos em relação à fusão entre as operadoras móveis. Judicialmente, o grupo de Daniel Dantas está sendo proibido de levar a negociação com os italianos adiante tanto no Brasil quanto em Nova York.
Enquanto isso, fundos e Citi buscam alternativas de ampliar o interesse em suas participações, e já houve conversas com Telemar e Portugal Telecom, ainda que não tenha havido propostas concretas. A Telecom Italia, por outro lado, tenta evitar um leilão da BrT, e por isso apressou-se em fechar um acordo com Dantas, mesmo sabendo dos riscos de não ter o prometido. De qualquer maneira, há conversas acontecendo entre Citi, fundos e italianos, em Londres. O drama para a Telecom Italia é que já existe um preço mínimo colocado para a negociação: são os US$ 420 milhões do "put option" entre Citi e fundos, valor esse que cresce, em dólares, na proporção da valorização da moeda brasileira, já que o preço é em reais. E, sem querer, a própria Telecom Italia também estabeleceu um preço mínimo ao fechar um acordo com o Opportunity.

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