Relatório divulgado pela WEG/V2COM mostra que as redes privativas 5G, quando utilizadas em plantas industriais, apresentam desempenho superior ao WiFi, atualmente utilizado em diversos segmentos da indústria brasileira. O relatório foi entregue para a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Anatel nesta quinta-feira, 24. Segundo a V2COM, os testes do uso de rede 5G em aplicações industriais teriam mostrado que a tecnologia apresenta cobertura de rede e alta confiabilidade nas conexões e está madura para indústria brasileira.
O relatório diz que o 5G virtualiza e flexibiliza a infraestrutura fabril, além de gerar valor com o uso de robôs autônomos e sensoriamento inteligente. Também mostra que, como o equilíbrio entre custo e benefício depende do número de pontos de conexão, a otimização deve chegar em 2025, com a massificação da adoção do 5G industrial no Brasil.
Os testes foram realizados no âmbito da parceria entre a ABDI e a Anatel, que, em novembro de 2020, assinaram acordo para permitir a realização de experimentos de redes privadas de 5G em três ambientes: indústria, agricultura e cidades inteligentes. "Os testes demonstraram o potencial que a tecnologia 5G possui para elevar a produtividade e a competitividade da indústria brasileira. A quinta geração do serviço móvel tem, de fato, um impacto desruptivo nas cadeias de produção de bens e serviços", avalia o presidente da Anatel, Carlos Baigorri.
"O 5G e as redes privativas são as peças que faltavam para o maior ganho da produtividade e avanço da indústria 4.0. Os testes realizados pela WEG/V2COM comprovam isso e apontam um caminho para a adoção das tecnologias. Esperamos que esse conhecimento adquirido seja útil para todo o setor produtivo", afirma Igor Calvet, presidente da ABDI.
Os testes verificaram três grupos de casos de uso: Internet das Coisas (IoT) industrial, robótica e dispositivos inteligentes. Utilizaram ainda indicadores de throughput (capacidade de transmissão de dados), a densificação de malha de conexões (comparando 5G e WiFi) e a confiabilidade de conectividade de quinta geração em ambiente indoor.
O foco dos experimentos teve como base o Release 15 do 3GPP, que é o padrão do 5G com maior disponibilidade comercial se comparado às novas versões disponíveis, tanto em termos de infraestrutura quanto de dispositivos de conexão, e não demanda necessariamente de core de rede em cloud. E os testes foram implementados a partir de duas redes privativas, sendo uma mista (integrada), em parceria com a operadora Claro, usando infraestrutura Ericsson, na faixa de 3,5 GHz e outra independente, em parceria com a Nokia, usando a faixa de 3,7 GHz.
Resultados
Segundo Guilherme Spina, diretor da V2COM, os testes indicaram três ganhos práticos ao colocar o 5G em um ambiente real da indústria. "Do ponto de vista técnico, conseguimos validar os parâmetros de limites físicos definidos pela Anatel, suportando a regulamentação das faixas de frequência dedicadas ao 5G. Na perspectiva mercadológica, avaliamos o grau de maturidade da oferta de soluções neste momento, seja na camada de infraestrutura, seja na camada de aplicações. E, por fim, sob o ângulo econômico, encontramos o caminho de viabilidade para a adoção do 5G na indústria, entendendo os detalhes de custos e benefícios dessa tecnologia frente às alternativas no caso especifico da WEG e extrapolando o provável cenário geral".
No caso de uso de IoT industrial, foi conectado o Coletor de Dados da empacotadora no setor de montagem. O relatório mostra que o 5G proporcionou melhora na verificação dos dados, que ficam sem atrasos, com maior precisão devido à baixa latência, sem sobrecarga de energia no seu uso excessivo e com assertividade na contabilização de peças e embalagens produzidas.
Na aplicação de robótica, foram conectados robôs logísticos e as esteiras inteligentes que interagem com eles no transporte de equipamentos. A comunicação, realizada com o 5G, superou pontos escuros que o WiFi não poderia atender, levando maior assertividade e menor tempo de resposta para as decisões tomadas pelo robô.
No caso de uso dos dispositivos inteligentes, o 5G permite aumentar o número de dispositivos conectados e prover maior capacidade de tráfego de dados, o que permite a escala massiva de dispositivos na indústria. No experimento com câmeras inteligentes, por exemplo, o 5G substituiu a conectividade cabeada, permitindo ampliação no número desse tipo de equipamento e instalação flexível em pontos de interesse não alcançáveis atualmente.
Comparativo
Nos testes de throughput, a WEG disse que o 5G apresentou capacidade 12 vezes maior do que as redes WiFi 5 atuais, sendo quatro vezes maior em upload e 46 vezes maior em download. Além disso, o 5G ofereceu uma constância, sem grandes variações, na transmissão de dados. A latência observada foi menor e de comportamento mais estável do que em relação ao WiFi, mesmo em testes de estresse.
Entre as redes privadas independente e integrada, ambas tiveram performance similares. Nos testes de throughput por número de dispositivos, o 5G se comportou de maneira adequada com a inserção de novos dispositivos. Guilherme Spina disse que os próximos testes serão comparativos com o WiFi 6E, que oferece alta capacidade, mas por enquanto apenas em conexão indoor.