Testes da Anatel com ABDI para rede privativa 5G indicam resultados positivos

Fábrica da WEG em Jaraguá do Sul (SC). Foto: Divulgação

Os estudos da Anatel com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para avaliar desempenho de redes privativas do 5G tiveram resultados preliminares divulgados nesta quarta-feira, 28. O primeiro relatório foi apresentado no lançamento do laboratório para desenvolvimento de soluções Open Lab 5G, do Grupo WEG/V2COM, em Jaraguá do Sul (SC).

Os testes foram realizados pelo grupo em colaboração com o CPQD, as fornecedoras Qualcomm, Ericsson e Nokia, e a operadora Claro. Dois cenários, ambos focados em Indústria 4.0, foram aplicados: rede privativa totalmente standalone, e outra não standalone. Em ambos os casos, ainda no Release 15, ou seja, na versão anterior ao padrão estabelecido como obrigatório no leilão do 5G (mas que não necessariamente precisará ser implantado nas estações radiobase para além das metas previstas no edital). 

Evento de lançamento do Open Lab 5G com o presidente da Anatel, Leonardo Euler; presidente da ABDI, Igor Calvet; e o CEO da WEG, Harry Schmelzer. Foto: Anatel/Divulgação
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Conforme apurou TELETIME, os resultados confirmaram boa parte das premissas da consulta pública nº 30/2021 da agência, mostrando o 5G como alternativa (muitas vezes melhor) ao Wi-Fi atualmente utilizado. Porém, ressalvas foram feitas em relação a questões pontuais, como a importância do dimensionamento do sistema por equipe de TI especializada, com potência e distâncias aplicadas com critério. 

O projeto chegou a utilizar um robô com capacidade de transportar cargas de até 90 kg para os testes, além de óculos de realidade virtual acoplado a robôs com câmeras 4K de 360º. Para terminais de usuários foram utilizados módulos 5G e CPEs e mini ppc, além de placas de IoT de 3,5 GHz. A aplicação das redes privativas na faixa de 26 GHz deverá ser objeto de estudo em outra etapa, no último trimestre deste ano.

Standalone

No caso da rede privativa standalone com a Nokia na faixa de 3,7-3,8 GHz (TDD, com canal de 100 MHz), foi instalado um core de rede 5G exclusivo para atender a fábrica da WEG, com toda a estrutura física no local. Foram utilizadas small cells EIRP com potência de 23 dBm, distribuídas na planta da indústria, e seguindo parâmetros da gerência de espectro, órbita e radiodifusão da Anatel. A agência estuda a possibilidade desse espectro não precisar de licitação

Neste caso, o nível de sinal teve desempenho considerado suficiente ou bom, com alguns pontos insuficientes que poderiam ser endereçados com ajustes internos. Em geral, o throughput também foi considerado satisfatório, com valores máximos de cerca de 730 Mbps de downlink e 100 Mbps de uplink. Essas velocidades são reduzidas de acordo com a distância em relação à antena, chegando-se à conclusão de o bom desempenho é garantido a uma distância máxima de 50 metros. 

No downlink, a latência média foi de 13 ms, enquanto no uplink foi de 113 ms. Porém, como esse foi um resultado obtido com o Release 15, os testes indicam que a aplicação da versão 16 permitira melhores resultados. O handover entre antenas mostrou redução de taxas de transmissão, mas que também seriam resolvidos com o Release 16.

De modo geral, a rede privativa standalone obteve resultados muito superiores aos de uma rede em Wi-Fi industrial como atualmente se usa no mercado. Cabe frisar que ainda são resultados preliminares, uma vez que os testes continuarão, inclusive com mais terminais conectados simultaneamente, chegando a 64 unidades (contra cinco CPEs utilizadas nesses testes).

Não standalone

Neste caso, ainda conforme apurado por este noticiário, a rede mista com core de rede pública compartilhada, mas com fatiamento de rede (slicing) para garantir qualidade de serviço e priorização, o serviço foi contratado junto à Claro, com equipamentos da Ericsson, na faixa de 3,5-3,6 GHz. A gestão do espectro aconteceu dentro da fábrica da WEG, enquanto o gerenciamento da rede ficou à cargo do core LTE da Claro em Curitiba – a distância em relação a Jaraguá do Sul acabou tendo um efeito na latência nesses testes preliminares. 

Foram utilizadas oito small cells de baixa potência, EIRP 27,1 dBm também no Release 15 e com canal de 100 MHz TDD. Assim como no caso do teste standalone, o nível de sinal foi considerado bom ou suficiente, mas com alguns pontos com níveis insuficientes. 

No entanto, a velocidade chegou a atingir 1 Gbps, com média de 95% do nível teórico no pico, embora a latência tenha ficado acima do ideal, chegando a 40 e 50 ms. A distância da antena não foi considerada limitante neste caso.A perda de pacotes foi considerada coerente com o Release 15, mas com a expectativa de melhorar para uma confiabilidade esperada no Release 16. 

A Claro manifestou intenção de implantar um core de rede mais próximo à fábrica em Santa Catarina, diminuindo a distância e, consequentemente, melhorando a latência para se aproximar aos resultados obtidos com o modelo standalone. 

Convivência

Os testes simultâneos mostraram a possibilidade de convivência entre as redes privativas SA e NSA, sem sinal de interferência prejudicial mesmo sem ter sido feito sincronismo coordenado entre elas. A Anatel sugeriu novas rodadas para o caso NSA, incluindo a utilização de até 3,7 GHz para melhor avaliar a convivência com a rede standalone sem a faixa de guarda. 

O acordo de cooperação técnica da Anatel com a ABDI foi assinado em novembro do ano passado. Em maio, a agência de desenvolvimento industrial havia falado no relatório técnico, com expectativa de ser colocada uma minuta como contribuição da consulta pública da reguladora.

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