Decisão da Anatel sobre PMSs, em tese, beneficia mais a Embratel do que a TIM

A decisão do Conselho Diretor da Anatel sobre o pedido de descaracterização de empresa com Poder de Mercado Significativo (PMS) da Telefônica, em tese, tem potencial para agradar a Embratel e desagradar a TIM, as duas principais companhias que utilizam as redes das incumbents através da Exploração Industrial de Linha Dedicada (EILD).

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Livrar as EILDs fornecidas exclusivamente em rede de fibra das regras do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC), em tese, prejudica mais a TIM, que utiliza dessas redes para a interligação de suas estações radiobase (ERBs) e, portanto, tende a ter suas solicitações atendidas com redes exclusivamente de fibra.

Já a Embratel faz um uso diferenciado. Ela utiliza essas redes para atender o mercado corporativo e, por isso, em princípio, utilizaria circuito que envolve a última milha, que em grande parte é de par de cobre. Pelos dados apresentados pela diretora executiva da Embratel, Maria Teresa Lima, entretanto, a empresa parece que já partiu para o caminho da construção de rede própria. Isso porque, segundo ela, hoje apenas 9,6% dos acessos corporativos da companhia utiliza rede de terceiros. Esse percentual em 2004 era de 81%.

A executiva menciona que muitas vezes os pontos de interligação são conhecidos sem tempo hábil para que a empresa possa construir rede própria e a lei de licitações, no caso de órgãos públicos, impõe penalidades rígidas em caso de não cumprir a data de entrega. "Os prazos de entrega do serviço variam de 30 a 120 dias. Esses prazos são incompatíveis com os prazos de construção de rede praticados no Brasil", mencionou Maria Teresa. Ela teve oportunidade de se pronunciar nesta que foi a primeira reunião do Conselho aberta à participação oral dos interessados e de terceiros que são parte nos processos.

Questionamentos

O diretor de assuntos regulatórios da TIM, Carlos Eduardo Franco, por sua vez, mencionou que 75% dos contratos de EILD da companhia em São Paulo são com a Telefônica. "No passado recente o tema EILD foi tratado no Conselho de maneira bastante intensa. Apesar das resistências naturais do grupo com PMS, a gente conseguiu se beneficiar do regulamento”, afirma ele em relação ao PGMC. Em conversa com este noticiário, o executivo disse que não sabe quantas EILDs contratadas junto à Telefônica utilizam exclusivamente redes de fibra.

É preciso dizer, contudo, que a EILD de fibra de ponta a ponta não é o único critério para a descaracterização de PMS. É necessário também que o circuito não passe por bairros onde a Telefônica se mantém como PMS nesse mercado.

O presidente da Telcomp, João Moura, questionou o fato de a metodologia ter sido proposta pela própria Telefônica. "Não seria razoável concluir o processo antes que a própria agência conclua a sua metodologia com os procedimentos regulares, com consulta pública etc.", afirmou. "Quase todos os proprietários de cabos são nossos associados e sabemos que não são competidores no mercado de EILD", completou ele.

O diretor presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abrint), Basílio Perez, também colocou a sua preocupação em relação ao pedido da Telefônica. Embora a EILD não seja o principal produto que os pequenos provedores compram das incumbents, o temor é de que flexibilizar a caracterização de PMS agora possa abrir um precedente para ampliar essa descaracterização. "Retirar essa caracterização é extremamente prematura e pode colocar em xeque a credibilidade do PGMC em nível mundial", alertou ele.

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