A grande discussão que permeia a questão da comunicação social em face da convergência tecnológica é como garantir um ambiente normativo coeso que contemple os princípios de soberania nacional, preservação da cultura e liberdade de informação. Esta foi a conclusão do seminário promovido pelo Laboratório de Políticas de Comunicação da Universidade de Brasília nesta terça, 22.
Mas, afinal de contas, é necessário que se criem restrições à exploração de conteúdos nacionais por empresas estrangeiras, como pedem os grupos de mídia? Na visão do empresário e ex-executivo de empresas de mídia, Antônio Athayde, que participou do debate, não. ?No mundo inteiro, as empresas de comunicação, que produzem conteúdo, movimentam-se para aproveitar as oportunidades da convergência, não para se proteger dessa realidade, como se faz no Brasil.?
Segundo ele, é evidente que o público brasileiro não abrirá mão do conteúdo nacional nem na televisão nem em qualquer outra mídia. ?Qualquer empresa de telecomunicações que entre nesse mercado está interessada em apenas uma coisa: ganhar dinheiro, e ela vai oferecer o que as pessoas quiserem ver. Basta olhar o horário nobre da televisão para perceber que as pessoas gostam de conteúdos brasileiros?.
Ameaça
Para Athayde, ?a única ameaça dos grupos de telecomunicações é o Projac? (referência ao centro de produção da TV Globo), ironizou, explicando que grupos internacionais, vindo para o Brasil, têm potencial de serem agregadores de mão-de-obra e de talentos brasileiros, que hoje ?não têm espaço ou são funcionários da Globo?.
Na visão de Athayde, a resistência que os grupos de comunicação no Brasil têm em relação às realidades convergentes é facilmente explicada por uma dificuldade de adaptação a um novo ambiente. ?O único jeito de garantir a sobrevivência é manter o status quo.?
Para Athayde, a melhor coisa a se fazer é "regular desregulando". Ele completa lembrando que "quem regula deveria ter o cuidado de entender que conteúdo é diferente de distribuição."
