A Ericsson é a favor da criação de um "Plano Nacional de 5G" para o Brasil, especialmente para promover a participação do País na criação de novos serviços e aplicações com a tecnologia – ou seja, para o desenvolvimento da quinta geração, e não apenas o consumo. O CEO da fornecedora para a América Latina, Eduardo Ricotta, afirma que a hora é de "redução do spread digital", especialmente com foco na tecnologia para agronegócio.
"Agricultura é 10% do PIB, mas quando se coloca com logística e manufatura relacionadas, é 24%, e é muito pouco digitalizado", afirmou durante apresentação no Painel Telebrasil 2020 nesta terça, 22.
O argumento também é que é necessário haver uma estratégia especialmente focada no 5G para as novas demandas, além do que se já vislumbra em banda larga móvel e Internet das Coisas tradicional. "Tem que se basear na eficiência da indústria 4.0, IoT crítico, carros e máquinas autômatos, controle em tempo real, realidade aumentada e virtual. Vamos ter uma economia grande para desenvolver novas aplicações, e precisamos de um plano habilitador", diz Ricotta.
Segundo Vitor Menezes, do Minicom, o governo estava trabalhando com um Plano Nacional de 5G quando a pasta ainda era combinada com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações. "Esperamos que nos próximos dias possamos dar continuidade com o novo ministro", afirmou.
Investimentos
Eduardo Ricotta também citou a grande destinação de investimentos para pesquisa e desenvolvimento, totalizando US$ 1,1 trilhão em 2019 para todo o setor globalmente. "Como o Brasil pode atrair esses investimentos? A resposta está no Global Innovation Index de 2020: o Brasil ainda está em uma posição muito ruim, em 62º", afirma. "Não é coincidência que os dez primeiros países sejam líderes também na adoção de 5G", coloca. Entre os primeiros estão Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido e Holanda.
De acordo com o sócio da consultoria Boston Consulting Group, Marcos Aguiar, o setor de telecomunicações investe R$ 32 bilhões por ano, o que significa uma fatia de 22% das próprias receitas. "É um percentual acima de benchmarks. E quando aumenta [os investimentos] em 60% a 70%, temos problema. É um retorno de capital de 5%, muito abaixo do custo."