O comitê executivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), colegiado vinculado à Presidência da República responsável por debater e elaborar uma nova política industrial para o Brasil, fez a primeira reunião nesta segunda-feira, 22, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Na reunião foram definidos os macros desafios que a política industrial brasileira deve enfrentar. Entre eles, estão a universalização do 5G e a transformação digital da indústria.
O comitê executivo é o fórum técnico do CNDI, composto apenas por representantes governamentais. Em sua composição total, o Conselho contará também com integrantes representantes da sociedade civil. "A tarefa do CNDI é ouvir bastante a indústria, identificar os gargalos e traçar medidas para impulsionar a atividade industrial", resumiu o presidente em exercício, Geraldo Alckmin.
Na reunião, o comitê definiu as suas "missões", ou seja, um conjunto de sete macro desafios a serem enfrentados pela política industrial a ser elaborada, e que têm como objetivo final melhorar a vida dos cidadãos. O grupo também deliberou sobre a divisão das atividades de trabalho do colegiado por grupos temáticos, cada um relacionado a uma missão específica. Além disso, foi aprovado um cronograma de trabalho para o Conselho, que deverá ter sua primeira reunião de alto nível com todos os componentes já no mês de junho.
As missões
De acordo com Verena Hitner, secretária executiva do CNDI, as sete missões foram pensadas a partir dos grandes problemas sociais e de desenvolvimento do país, estabelecidos no programa de governo do presidente Lula. Essas missões e os grupos de trabalho estão assim divididos:
- Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para erradicar a fome – O objetivo é aumentar a oferta de alimentos nutritivos e diversificados com aplicação de biotecnologia, ampliando a nacionalização dos bioinsumos; reduzir a dependência externa de máquinas, implementos agrícolas e fertilizantes e insumos; desenvolver equipamentos e soluções digitais para o campo e para o monitoramento dos biomas.
- Complexo da saúde resiliente para a prevenção e o tratamento de doenças — Tem o foco em aumentar a autonomia em tecnologias críticas para a produção nacional de vacinas, medicamentos e equipamentos médicos; desenvolver produtos para a prevenção e o tratamento de doenças; desenvolver tecnologias da informação e comunicação para o setor de saúde.
- Infraestrutura sustentável para a integração produtiva — Objetiva destravar obras de infraestrutura, com vistas ao adensamento e ao uso de materiais sustentáveis; universalizar a cobertura 5G e desenvolver empresas de hardware e software associados; construir cadeias regionais de valor e a integração produtiva com os vizinhos, incluindo em minerais estratégicos.
- Transformação digital da indústria – Desenvolver empresas líderes em tecnologias digitais emergentes, como inteligência artificial, internet das coisas e realidade virtual; apoiar competidores brasileiros no segmento de plataformas digitais.
- Descarbonização da Indústria, viabilização da transição energética e bioeconomia – Consolidar e expandir a produção nacional de biocombustíveis, com o domínio de diferentes rotas tecnológicas; dominar rota tecnológica de hidrogênio verde; desenvolver a química verde; ocupar elos na fronteira de produção de baterias; avançar no domínio e produção de tecnologias críticas a de energia solar, eólica e em pequenas centrais nucleares; dominar tecnologias da economia circular; avançar no P&D da fusão nuclear.
- Tecnologias críticas para a soberania e a defesa nacionais – Dominar tecnologias e produzir bens críticos à defesa nacional, inclusive em micro e nano eletrônica; desenvolver, fabricar e lançar satélites; desenvolver tecnologias digitais emergentes para a segurança pública; expandir capacidades internas em cibersegurança.
- Moradia e mobilidade sustentáveis para o bem-estar nas grandes cidades – Garantir eficiência na produção e promover a sustentabilidade ambiental nas cadeias de fornecimento do Minha Casa Minha Vida e em obras do Novo Plano de Investimentos (NPI); desenvolver a produção doméstica e empresas líderes em veículos e peças de transporte sob novas rotas tecnológicas ligadas à economia verde; desenvolver softwares e sistemas integrados para cidades inteligentes.
"A discussão com o setor produtivo, organizada a partir de missões sociais, permitirá o desenho de uma política pública moderna e de Estado, que sirva para nortear as ações do conjunto do país, gerando sinergias positivas", afirmou a secretária executiva do CNDI.
Conselho
Esta foi a primeira reunião deste tipo desde que o CNDI foi reestruturado em decreto do presidente Lula, publicado em 6 de abril. O Conselho estava sem funcionar há sete anos e volta alinhado às premissas do novo governo em direção a uma política industrial focada em inovação, sustentabilidade e inclusão social.
O CNDI é formado pelos ministros dos seguintes órgãos: MDIC, que o preside; Casa Civil, Secretaria Geral da Presidência, Ciência, Tecnologia e Inovação, Fazenda, Relações Exteriores, Planejamento e Orçamento, Integração e Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente e Mudança do Clima, Minas e Energia, Agricultura e Pecuária, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Trabalho e Emprego, Saúde, MEC, Defesa, Portos e Aeroportos, Comunicações, Gestão e Inovação em Serviços Públicos além do BNDES. Além disso, contará com 21 conselheiros representantes da sociedade civil, a serem indicados pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin.