Mercado de certificação de baterias não atende demanda das novas resoluções da Anatel

Se as novas versões propostas para as Resoluções 394 e 379 da Anatel, que ampliam consideravelmente os requisitos técnicos e procedimentos de ensaios e testes de certificação de baterias de grande porte, os laboratórios no Brasil simplesmente não dariam conta de atender tal demanda. Estas baterias, em sua maioria, são utilizadas em sistemas de redundância de estações radiobase de telecomunicações
Segundo especialistas, já é difícil atender às necessidades e exigências atuais, uma vez que há no país somente três laboratórios que realizam esse tipo de testes. As duas novas versões praticamente dobrariam o número de ensaios necessários no processo de certificação dessas baterias. Em outras palavras, mais laboratórios certificados seriam exigidos. Ou maiores. É nisso que aposta o CPqD, um dos três laboratórios brasileiros que oferecem ensaios de certificação de baterias de grande porte. Além de laboratório, a empresa também recebeu da Anatel a chancela de Organismo de Certificação Designado (OCD), ou seja, instituição que conduz e gerencia os processos de avaliação de conformidade técnica dos produtos junto aos laboratórios e expedem os certificados de aprovação para a agência.
O CPqD anunciou nesta terça-feira, 22, a inauguração de novas instalações do seu Laboratório de Sistemas de Energia, ampliado justamente para atender a demanda por ensaios de certificação de baterias estacionárias, utilizadas em aplicações que exigem o armazenamento de grande quantidade de energia e advindas em grande medida do mercado de telefonia móvel. "Cerca de 80% a 90% das baterias de grande porte testadas são para o mercado de telecom, seja dos fabricantes ou diretamente das operadoras", diz Maria de Fátima Rosolem, responsável técnica pela área de baterias do CPqD.

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Com a ampliação, o número de posições de ensaio automatizadas do laboratório sobe de 21 para 30 e a capacidade de testes para até 150 baterias simultâneas, o dobro do que era realizado anteriormente. "O prazo de ensaios não há como ser reduzido, leva em média 200 dias. Mas com a ampliação do laboratório poderemos atender mais clientes e esse era um gargalo que tínhamos", revela.
Se antecipando à demanda
A especialista do CPqD informa que a nova versão da Resolução 394, que já passou por consulta pública e deve vigorar até meados do ano, ampliará em 50% o número de testes de certificação das baterias de chumbo ácidas ventiladas, baterias reguladas por válvula e baterias alcalinas, todas largamente utilizadas em ERBs. "Além disso, a Resolução estabelece a manutenção periódica, que exigirá que todas as baterias sejam reavaliadas de três em três anos, o que criará mais uma enorme demanda", acrescenta. Um novo regulamento que substituirá a Resolução 379, que está em fase de consulta pública e recebe contribuições até o próximo dia 25 de março, segundo Maria de Fátima, deve entrar em vigor entre o final de 2011 e início de 2012. "Essa nova norma também ampliará em mais uns 50% a quantidade de testes, tornando o processo de certificação ainda mais rigoroso", diz.
Para atender toda essa crescente demanda, a responsável técnica adiantou com exclusividade para este noticiário que até o final do ano o CPqD ampliará ainda mais a infraestrutura do Laboratório de Sistemas de Energia. "Nossa proposta é a de atender devidamente a todas as resoluções voltadas para baterias de grande porte definidas pela Anatel", antecipa.
Trabalho árduo
A responsável técnica pelo laboratório do CPqD revela que não é tarefa das mais simples montar uma infraestrutura de ensaios de baterias de grande porte, o que provavelmente explique a existência de somente três em todo o país.
Segundo ela, há carência de profissionais especializados e com competência para trabalharem nesses laboratórios. "Faltam engenheiros elétricos com especialização em potência e também químicos com conhecimento em eletroquímica. Estamos há três meses tentando contratar um estagiário técnico em eletrônica", exemplifica Maria de Fátima, que revela que o Ministério de Ciência e Tecnologia já pensa em um plano que estimule as universidades a tocar mais profundamente nas áreas de sistemas de energia e potência. "São especialidades ainda muito pouco abordadas em engenharia elétrica e química", lamenta.
A especialista revela também que o alto investimento é outro obstáculo para a montagem de uma infraestrutura de testes de baterias de alta capacidade, de 50 Amperes/hora à 2,5 mil Amperes/hora.

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