Nokia registra prejuízo operacional de quase meio bilhão de euros no segundo tri

"Os desafios que estamos enfrentando em nossa transição estratégica foram maiores do que esperávamos nesse segundo trimestre": é com essas palavras que o CEO da Nokia, Stephen Elop, abre o relatório financeiro da companhia sobre o período de abril a junho deste ano, publicado nesta quinta-feira, 21. A empresa registrou prejuízo operacional de 487 milhões de euros, contra um lucro operacional de 295 milhões de euros no mesmo período do ano passado. A receita líquida caiu 7%, fechando o trimestre em 9,28 bilhões de euros. A empresa ressalva em seu balanço, entretanto, que, se excluídos itens extraordinários, seu resultado no trimestre teria sido um lucro operacional de 391 milhões de euros.
O balanço da Nokia foi impactado negativamente pelo segmento de terminais móveis, sua principal área de atuação. Essa divisão registrou prejuízo operacional de 247 milhões de euros, ante lucro operacional de 643 milhões de euros no mesmo período de 2010. A receita líquida com aparelhos celulares caiu 20% nesse intervalo de tempo, baixando para 5,47 bilhões de euros. Se considerada apenas a divisão de smartphones, que a Nokia chama internamente de "smart devices" e que compreende todos os aparelhos com OS da Série 60 ou superiores, a queda foi maior: a receita diminuiu 32%, atingindo 2,37 bilhões de euros. Enquanto isso, a divisão de "mobile phones", que abrange os modelos mais baratos, registrou uma queda de 20% em sua receita líquida, baixando para 2,55 bilhões de euros. Note-se que em 12 meses o segmento de "mobile phones" superou em faturamento aquele de "smart devices". No segundo trimestre do ano passado, as receitas haviam sido 3,19 e 3,5 bilhões de euros, respectivamente.
O volume de aparelhos vendidos pela Nokia no segundo trimestre caiu na mesma proporção da receita: 20%, comparando com o mesmo período de 2010. Entre abril e junho deste ano a Nokia comercializou 88,5 milhões de unidades. Novamente, o desempenho da divisão de smartphones foi pior: vendeu 16,7 milhões de unidades, o que representa uma queda de 34%. A área de "mobile phones", por sua vez, comercializou 71,8 milhões de aparelhos, ou 16% a menos que o volume verificado um ano atrás. O preço médio dos smartphones vendidos pela Nokia cresceu 2% em 12 meses, atingindo 142 euros. Entre terminais de gama média e baixa, o preço médio foi 36 euros, ou 3% a menos.

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Nokia Siemens e Navteq
O lado positivo foi o resultado da Nokia Siemens Networks, cuja receita líquida cresceu 20%, alcançando 3,64 bilhões de euros. O prejuízo operacional, que havia sido de 179 milhões de euros no segundo trimestre do ano passado, diminuiu para 111 milhões de euros agora. Os resultados incluem os ativos adquiridos este ano da Motorola Solutions.
A Navteq, por sua vez, sofreu uma redução de 3% em sua receita líquida, que caiu para 245 milhões de euros. A empresa teve prejuízo operacional de 58 milhões de euros. No segundo trimestre de 2010, o prejuízo havia sido de 81 milhões de euros.
Análise
Esse foi o primeiro balanço trimestral em que a Nokia discriminou os dados financeiros de suas duas unidades de terminais móveis. Antes, a empresa informava apenas o consolidado dessa área. A separação entre "smart devices" e "mobile phones" pode ser o primeiro passo preparatório para a venda futura de uma dessas unidades. Embora a Nokia negue essa intenção, trata-se de um movimento comum antes do processo de alienação de um ativo. A Motorola fez algo parecido ao se dividir em duas: uma parte dedicada a infraestrutura (que foi vendida) e outra a dispositivos móveis, que ganhou o nome de Motorola Mobility.
O difícil é saber qual das duas unidades a Nokia venderia. Embora a área de smartphones esteja perdendo força no momento, existe grande expectativa de recuperação com a adoção do Windows Phone, plataforma que a Nokia provavelmente usará com alguma vantagem financeira sobre os demais, como, por exemplo, pagando uma taxa de licenciamento mais barata, em função do acordo com a Microsoft. Levando-se em conta que os fabricantes do Android estão sofrendo ataques da Apple e da Microsoft nos tribunais internacionais por quebra de patentes, a escolha da Nokia pelo Windows Phone começa a fazer mais sentido. Por outro lado, a marca Nokia é muito mais forte hoje na gama baixa do que na gama alta de aparelhos. E sua escala é um diferencial que a ajuda a competir com preço. A ameaça, neste caso, vem da China: fabricantes como Huawei e ZTE estão cada vez mais agressivos em preço nesse segmento low end, reduzindo gradativamente as margens, o que, a longo prazo, é ameaçador para a Nokia.

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