Alares quer liderar consolidação na banda larga e foge de guerra de preço

Denis Ferreira, da Alares

A Alares pretende ser uma das protagonistas do movimento de consolidação das operadoras de banda larga no Brasil, ao mesmo tempo em que busca se distanciar da guerra de preços promovida por rivais grandes e pequenos do segmento.

Os aspectos foram abordados pelo CEO da Alares, Denis Ferreira, em entrevista ao TELETIME. "Vamos continuar crescendo, seja no orgânico ou via aquisições. Estamos preparados para ser um dos protagonistas na consolidação", apontou o executivo – relatando uma "obrigação" em avaliar todos os ativos de banda larga disponíveis.

A Alares fez um grande movimento de M&A em 2023, com a aquisição da Webby (que trouxe 115 mil assinantes e novas geografias). Desde 2015, foram 19 aquisições que resultaram na estrutura atual, com as nordestinas Cabo e Multiplay como ponto de partida. Em 2021 o fundo norte-americano Grain se tornou acionista majoritário da operadora, iniciando em 2022 um projeto de crescimento que agora completa dois anos.

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Ao longo do período, Ferreira relata um avanço de dez pontos percentuais na margem da Alares e um avanço na receita média por usuário (ARPU) da operadora – que teria passado do menor nível entre as provedoras que divulgam resultados para a segunda melhor marca do segmento. "Nós saímos da guerra de preço", explicou o CEO.

Ferreira aponta a agressividade atual das ofertas de banda larga não como algo exclusivo de pequenos players, mas presente também entre grandes operadoras – e muitas vezes com variações a nível de cidade e mesmo bairros. Ao optar por um posicionamento focado na lucratividade, a companhia viu impacto nas adições orgânicas – que foram modestas em 2023, sem os clientes herdados com a compra da Webby.

"A partir do momento em que adotamos a visão de gerar valor para o cliente e acionista, a guerra de preços não fez mais sentido e isso teve impacto em volumetria – que é importante, mas se for volume com valor. Não queremos trazer cliente por trazer", indicou Ferreira. Ele também listou algumas estratégias de valorização das ofertas da operadora.

Entre elas, uma revisão completa do portfólio e uma capacidade de customizar ofertas para ambientes competitivos diversos, mesmo a nível de bairro. Outra estratégia foram parcerias com serviços de valor agregado, como plataformas premium de streaming. Agora, a adoção da tecnologia XGS-PON vira uma das bolas da vez.

A Alares já tem quatro cidades "greenfield" em São Paulo com a tecnologia de redes de fibra, que oferece largura de banda de até 10 Gbps. A expansão do XGS-PON para outras regiões da área de atuação – com destaque para a sobreposição com a rede existente – é um dos planos da companhia para seguir aprimorando ofertas em 2024.

Vale lembrar que a Alares também tem uma rede de cabo (HFC), para a qual ainda não existem planos de desligamento apesar do número decrescente de assinantes suportados. O desejo da operadora, contudo, é ser 100% fibra óptica, considerada uma tecnologia "à prova de futuro".

Integrações

Hoje a Alares atua no Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, com presença em 175 cidades e 94 lojas próprias. Com um funil de alvos para aquisição em vista, esse universo deve ser ampliado – com ajuda de uma esteira de integração azeitada ao longo da trajetória de M&A do grupo.

"Concluímos no primeiro semestre de 2023 um processo fortíssimo de integração, que levou quase um ano. Consolidamos a empresa de verdade e hoje quando você fala Alares, somos uma só operadora no sentido claro e inequívoco da palavra, com uma marca, uma organização e todos os sistemas integrados", destacou Ferreira.

O movimento teve reflexos na própria integração da Webby, concluída em outubro passado e que teve em fevereiro a conclusão de etapa importante da unificação de sistemas. O passo definitivo para consolidação da operadora adquirida será a mudança da marca para Alares, prevista para os próximos meses.

O roteiro de aquisições também deve dirimir outra preocupação da empresa: a alavancagem, que chegou a chamar a atenção de analistas no ano passado. "Na linha de criação de valor, a expansão de receita e margens contribui positivamente para nossa alavancagem ao longo do tempo", apontou Denis Ferreira.

Avenidas

O CEO da Alares vê o mercado de banda larga como resiliente e projeta para o decorrer de 2024 uma recuperação dos números de adições do segmento, acompanhando mudanças no cenário macroeconômico. Em paralelo, a ampliação da atuação no segmento corporativo (B2B) também faz parte da estratégia de crescimento do grupo.

"Nós temos colocado um foco bastante específico nos clientes B2B e temos regiões onde podemos aproveitar a nossa capilaridade e trazer novos serviços diferenciados", apontou Ferreira. "Já temos uma expressividade [no corporativo], e podemos crescer muito mais, inclusive ao lado de grandes empresas".

Outra possível avenida de crescimento pode ser a exploração da faixa de 6 GHz por provedores, em área onde a Alares já realiza testes de viabilidade técnica e comercial. Ferreira vê o espectro potencializando ofertas para o consumidor residencial, mas também oportunidade de valor na seara B2B – inclusive em abordagem de Internet das Coisas, hoje ainda pouco explorada pelos provedores.

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