Huawei: 5G em ritmo acelerado no Brasil e migração tranquila para o core standalone

Diretor de Soluções Integradas da Huawei do Brasil, Carlos Roseiro

Carlos Roseiro, diretor de soluções da Huawei, avalia que a implementação do 5G no Brasil, até esse momento, tem transcorrido sem surpresas, o que por si só é uma excelente notícia. E ele destaca que o ritmo no Brasil parece estar mais intenso do que em outros países. "Nos benchmarks internacionais, as primeiras metas das operadoras têm sido de uma cobertura de 25% das cidades nos lançamentos de 5G, e no Brasil temos casos com 40% e 50%. Foi uma boa arrancada das empresas e isso ainda deve melhorar, mas isso depende do ritmo de liberação do espectro", diz ele em entrevista ao TELETIME.

Ele também comemora o fato de que os dispositivos já começam a ter uma redução de custos importante. "Antes eles estavam acima de US$ 300, e agora já temos handsets 5G de R$ 300 ou menos sendo vendidos no mercado".

Ele avalia que o ciclo de expansão das redes ainda vai acontecer, mas não é imediato. "O que vemos nesse momento são as operadoras ativando o 5G em seus sites 4G, porque já eram sites '4G ready', e uma ampliação significativa nas velocidades, de acordo com o Speedtest". 

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Ele também comemora a velocidade com que as operadoras ativaram o core standalone, em um dos maiores deployments de 5G SA do mundo. "Houve a necessidade de uma antecipação de estratégia, mas as empresas conseguiram fazer a migração sem problemas", diz Roseiro. A Huawei tem parceria com todas as operadoras na implantação do 5G e diz que esse processo ocorreu sem dificuldades com todos os seus clientes. "Elas já tinham feito uma preparação prévia de virtualização, então foi apenas uma questão de fazer o upgrade de software". 

Em relação aos modelos de negócio, ele pontua que o Brasil se diferenciou de alguns países por não ter o FWA como aplicação inicial. 

"O Brasil não teve FWA porque os mercados são diferentes. Em comparação com Oriente Médio ou Europa, onde havia muita rede de cobre e pouca fibra, o Brasil não precisou do FWA nesse primeiro momento. Aqui no Brasil tem muito mais fibra, então acelerar a entrada do FWA não foi a prioridade das operadoras. Esse será um mercado oportunista, onde há  demanda, mas em buracos de mercado", analisa o executivo. "Mais adiante, nas áreas de buraco de cobertura na fibra, o FWA entra". 

Sobre o surgimento de aplicações típicas de 5G, Roseiro avalia que elas começarão a surgir, mas por enquanto o foco é de fato na melhoria da experiência do usuário, ou seja, maiores velocidades. "Depois é que entram novos serviços. Na Coreia foi assim, com realidade aumentada, games e vídeos 360. O que podemos esperar é em dois ou três anos essa maturação a partir da evolução dos ecossistemas e novos serviços". A opção das operadoras brasileiras de lançarem o 5G como benefício ao 4G se deve ao cenário competitivo, segundo ele. "Aqui seguimos o modelo de 'mais por mais', ganhando ARPU na ampliação dos pacotes quando for necessário. É um modelo que se praticou em outros países também e que tem um limite quando começarem a chegar os planos ilimitados. A partir daí, novas receitas virão com B2B".

Mas, segundo o executivo, em paralelo o mercado B2B deve evoluir, sobretudo com redes privadas e  linhas privadas, que são conexões móveis com qualidade de serviço assegurada (SLA). "Para capturar o valor da transformação digital tem um ecossistema que começa com a rede privada, mas a solução está presente, necessita apenas de uma integração. Na China já são mais de 3 mil contratos de redes privadas, deve chegar a 5 mil esse ano. Mas alguém precisa ser o integrador, que domine IA, cloud, 5G. Não seremos nós, mas para as operadoras pode ser um excelente negócio".

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